Com a proximidade das festas de fim do ano, algumas frutas são mais procuradas nos sacolões e supermercados. Um exemplo é o pêssego, fruta típica de clima temperado, que está em plena estação. O período de colheita se inicia na segunda quinzena de setembro e vai até o início de fevereiro. Mas o engenheiro agrônomo da Emater-MG, Paulo Marcelino da Silva, avisa que, esse ano, os pêssegos e outras frutas como as nectarinas e ameixas poderão apresentar pequenas manchas na casca por terem sido muito machucadas durante os temporais de gelo. “Essas manchinhas não interferem no sabor. Ninguém deve deixar de comprar a fruta por causa disso. O mais importante é terem a casca firme e a coloração vibrante. Se quiserem frutos maduros, prefira os que contenham a mistura das cores amarela e vermelha e sejam menos firmes ao toque. Se quiserem aqueles que vão durar mais na fruteira, escolha os mais esverdeados”, afirma.
Produtores estimam perda de 40%
O produtor Ademar Andrade, de Barbacena, planta há trinta anos, pêssego, nectarina, ameixa e goiaba também já sabe que as perspectivas para a colheita desse ano não são boas. Ademar acredita que, por causa do granizo, só 60% da sua safra e da maior parte dos produtores da região, será aproveitado. Em contrapartida, com a menor oferta no mercado, os preços tendem a subir. “Mas não será muito porque o poder aquisitivo das pessoas não está lá essas coisas. Se a gente pesar a mão, a mercadoria encalha”, reconhece. Ademar vende principalmente para os Ceasas de Juiz de Fora e Belo Horizonte. “Apesar de todos os desafios, tenho muita satisfação de trabalhar com essas frutas. Quando o pomar está florido e carregado de frutas, dá gosto de ver”.
Ele conta que o principal segredo para ter frutas de qualidade é o trabalho pós-colheita. “É necessário fazer a pulverização e a adubação corretamente, mantendo o pé da fruta bem vivo, até a época da poda, por volta do mês de abril”.
Baixas temperaturas, sol e muita água
O pêssego é uma fruta que gosta de “baixas temperaturas, sol e chuva”, explica Paulo Marcelino, que presta assistência técnica na área dos hortifrutigranjeiros, em Barbacena, um dos maiores municípios produtores de pêssego do Estado.
A fruta, na verdade, é nativa da China e encontrou nos estados do Sul e do Sudeste brasileiro o clima ideal. Pesquisas e melhoramento genético ajudaram a selecionar as variedades com maior adaptabilidade às condições regionais. No Sudeste, microclimas favoráveis podem ser obtidos em locais de altitudes elevadas, geralmente, acima de 900 metros, onde é possível obter, pelo menos, 100 horas com temperatura igual ou inferior a 7,2ºC por ano”, observa Paulo, acrescentando que o ciclo da planta é composto pela fase vegetativa e pela fase de dormência (período em que não apresenta sinais de atividades metabólicas e, visualmente, o crescimento fica suspenso).
A determinação exata do número de horas de temperatura inferior a 7,2ºC é fator decisivo para o produtor que deseja implantar uma lavoura de pêssego. “Este é o principal fator que possibilita ou não a implantação da cultura, e também auxilia na escolha das melhores variedades”, explicou, acrescentando que Barbacena reúne todas essas características. “Com relação à temperatura, ela tem que ser baixa no inverno, com dias quentes e noites frias na primavera. Isso vai propiciar um fruto mais atrativo em termos de coloração e com um grau mais alto de açúcar”.
Irrigação é necessária para complementar as chuvas
Outro ponto a ser observado é a exigência hídrica da planta. “A irrigação deverá ser implantada para fornecer água complementando as chuvas. “Logo depois que o pessegueiro passa pelo processo de dormência, é necessário irrigá-lo bem para que ele tenha acesso ao adubo. “Sim, porque a planta não come o adubo do solo, ela bebe o adubo. Os nutrientes são assimilados por meio das raízes e a água é o principal veículo. Então se você não tiver água, a planta não desenvolve em tamanho, aparência e doçura.