Ouvindo...

Exportações do agro movimentaram US$ 12,9 bilhões, maior índice já registrado na história

Presidente da FAEMG fez balanço positivo do ano e disse que as perspectivas para 2023 são de mais uma supersafra

Como já havia sido anunciado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (SEAPA), o agronegócio em Minas Gerais bateu o recorde histórico de exportações em 2022, arrecadando US$ 12,9 bilhões até outubro. A confirmação foi feita pelo presidente da Federação da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (FAEMG), Antônio Pitangui de Salvo, durante entrevista coletiva, nesta segunda-feira (5).

Segundo ele, o setor registrou um aumento de 49,2% de vendas ao exterior. Ao todo, 11,8 milhões de toneladas foram comercializadas com 172 países, o que representa 38,2% do total exportado no país. O valor já ultrapassa o resultado obtido em de 2021, que havia sido o melhor da história com US$ 10,5 bilhões.

Os principais destinos foram China (US$ 3,7 bilhões), Estados Unidos (US$ 1,2 bilhão), Alemanha (US$ 1,1 bilhão), Itália (US$ 537 milhões) e Bélgica (US$ 528 milhões). Houve a estreia de 13 novas parcerias: Luxemburgo, Mianmar, Zâmbia, Samoa, Mayotte, Nigéria, Guadalupe, Burkina Faso, Andorra, Nauru, Malta, Terras Austrais Francesas e Etiópia.

“O balanço do ano é bastante positivo. Exportação significa superávit, um sinal de que a gente deu conta de abastecer nosso mercado interno e ainda sobrou para exportarmos. Exportar é dinheiro na veia do povo mineiro. É dólar que chega em Minas Gerais e vira carro, imóvel, móvel, roupa e sapato”.

A China foi o principal parceiro, sendo responsável por US$ 4,05 bilhões em negócios. Estados Unidos, Alemanha, Itália e Bélgica foram os outros territórios que mantiveram boa posição no ranking de destino das mercadorias do agronegócio mineiro.

Leia mais:

Agronegócio mineiro bate recorde histórico com aumento de 47% das exportações

Exportações do agronegócio registram recordes para mês de agosto e chegam a US$ 14,8 bilhões

Produtos agropecuários batem recorde de exportações

Café e Soja

O café foi o principal produto exportado, chegando a 45,5% do total de negociações. O grão representou US$ 5,6 bilhões até outubro, um aumento de 63% em comparação com 2021. Foram 22,76 milhões de sacas enviadas a 84 países.

A soja foi o segundo produto com maior relevância na balança comercial do agro, chegando a 41 países e representando US$ 3,3 bilhões. Mesmo com uma desaceleração no consumo de carne bovina, as proteínas figuram em terceiro lugar, somando US$ 1,16 bilhão em exportações, segundo a Faemg.


Perspectivas para 2023

De Salvo disse que a expectativa é que 2023 também seja um bom ano, apesar de todas as dificuldades vislumbradas. “Nosso setor está cada vez mais treinado, tecnificado e qualificado para continuar produzindo de forma sustentável e ordeira, garantindo a segurança alimentar para o Brasil e boa parte do mundo”.


Produtos de destaque do agro

Indagado sobre qual seria o “produto de destaque do agro mineiro”, o presidente disse que “há vários”, mas reiterou que a cafeicultura continua a ser o carro-chefe, apesar de todas as intempéries climáticas que acometeram a cultura esse ano. De Salvo citou ainda os setores sucroenergético que tem crescido bastante; a silvicultura e a pecuária de corte, como alguns dos segmentos mais bem sucedidos. “Tivemos problemas com a estiagem no início do ano. Alguns produtos não foram tão felizes, como por exemplo, a laranja”, reconheceu.


Pontos Negativos

O ponto negativo do ano, aliás, na avaliação dele, foi exatamente o desequilíbrio climático com resquícios do déficit hídrico de 2021 e a incidência das chuvas de granizo esse ano que, de fato, trouxeram muitos prejuízos à cafeicultura. Outro desafio foi a incerteza se o setor teria ou não acesso aos insumos vindos da Ucrânia, o que gerou muita especulação, alta de preços e desvio na planilha de custo dos produtores. “Tirando isso, fechamos o ano muito positivamente e temos tudo para termos um 2023 com características de supersafra no país, com Minas contribuindo significativamente para isso”.


Missão do Conseleite

Com relação ao leite que chegou a custar R$ 8 na gôndola do supermercado, o presidente lembrou a importância da criação do Conseleite há quatro anos. O conselho paritário com representantes da indústria e dos produtores, busca oferecer uma maior previsibilidade de preços aos pecuaristas o que, antes, não ocorria. “Os produtores entregavam o leite aos laticínios e só ficavam sabendo quanto receberiam por ele, um mês depois, dificultando o preenchimento das planilhas de custos, gastos e remuneração. É preciso entender o leite como uma uma cadeia e não apenas como um setor isolado, do lado de dentro das nossas porteiras. Isso é fundamental para o equilíbrio produtivo e para que o elo mais fraco e mais numeroso dessa cadeia, que são os produtores rurais, sobrevivam da atividade com dignidade e alegria. Não é possível trabalhar, sem saber por quanto você vender. Não interessa o valor, mas você precisa saber quanto porque, assim, o produtor se adequa”.

Cenário Político

A respeito da perspectiva política para 2023, o presidente disse que irá observar o comportamento do Brasil como um todo.“Se caminhar para uma tranquilidade, vamos ter tranquilidade. Se o setor, que é um dos tripés de sustentação da balança comercial mineira e brasileira, for bem tratado, respeitado, tudo vai caminhar bem. Se não, se nos sentirmos atacados, haverá reflexos diretos nos preços da carne, do arroz, do feijão, do frango e assim por diante. Nós vamos continuar trabalhando, produzindo alimentos e contribuindo para gerar segurança alimentar”.

A expectativa dele é que a pessoa escolhida para comandar o Ministério da Agricultura, tenha um perfil técnico e admitiu que há bons nomes sendo ventilados. “Espero que o novo presidente tenha a sensibilidade de colocar no cargo alguém conhecedor do assunto, como foi a última ministra Tereza Cristina, que trabalhou quietinha e abriu muitos mercados”.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



Leia mais