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No Dia da Avicultura, setor comemora aumento de 6% nas exportações de frango

A produção de ovos também deverá se manter elevada com 53 bilhões de unidades. Cada brasileiro consome, em média, 250 unidades por ano

Minas é o 6° maior produtor de frangos do país

No Dia Nacional da Avicultura, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, diz que o setor vive um bom momento com exportações em alta e aumento da demanda externa e interna. As vendas internacionais de frango deverão alcançar, até o final deste ano, 4,9 milhões de toneladas, número 6% maior que o registrado no ano anterior. Para 2023, segundo a ABPA, a expectativa é que as exportações sejam novamente 6% superiores, alcançando 5,2 milhões de toneladas.

Meu sentimento é de gratidão a todos os avicultores desse país que foram resilientes durante a pandemia. Enfrentaram aumento de custos dos insumos, como o milho e o farelo de soja, e mesmo assim, não deixaram faltar comida na mesa dos brasileiros, disse.

Santin acrescentou que a perspectiva é de crescimento porque “o mundo está buscando mais alimentos e o Brasil é bem visto por não ter registros de doenças como as pestes suínas ou africanas e influenza aviária. Ao mesmo tempo, ele pontua não ser verdade que o preço ao consumidor aumentou porque o setor está exportando muito. Segundo ele, frango e ovos estão mais caros porque os insumos subiram 120% nos últimos dois anos. E também houve aumento de custos das embalagens e da energia elétrica. “A exportação não é a vilã. Pelo contrário, ela é positiva porque traz dinheiro e ajuda a equilibrar a equação econômica das empresas”, defendeu.

Nesse contexto, o diretor da Avimig (Associação dos Avicultores de Minas Gerais) e da Associação Brasileira dos Produtores de Proteína Animal (ABPA), Cláudio Almeida Faria, lembrou que somos os maiores exportadores globais e temos a segunda maior avicultura do mundo e as melhores condições climáticas e sanitárias. “As granjas brasileiras, construídas nos últimos 10 anos, são climatizadas com sistemas e gerenciamento eletrônico, tecnologia digital para temperatura, pressão, umidade, luminosidade, sistemas de exaustão, umidificadores, dimerizadores, redes de abastecimento automáticas de água e rações, melhoramento genético e nutrição cada vez mais evoluídos”, disse Faria.


Consumo Interno

De acordo com a ABPA, até o final do ano, a disponibilidade de carne de frango no mercado interno deverá registrar elevação de até 0,5% na comparação com o ano anterior, alcançando 9,78 milhões de toneladas. Isto, graças à alta prevista na produção para este ano, que deve ser até 1% maior em relação a 2021. Também a produção de ovos deverá se manter elevada. Conforme as projeções da ABPA, serão produzidos 53 bilhões de unidades, estabelecendo um consumo de 250 unidades per capita/ano.

“Nosso potencial nos coloca na condição de único país capaz de ampliar a produção de frangos para atender o aumento da demanda global dos próximos 30 anos. Mas, para avançarmos ainda mais necessitamos melhorar aspectos em que ainda não somos competitivos, quando comparados com países exportadores, como: a modernização da inspeção sanitária, a logística de transportes terrestres e marítimos, a armazenagem de grãos, os encargos trabalhistas, os impostos ao longo da cadeia produtiva e o custo de capital para investimento na produção”, Cláudio Almeida Faria.

Produção em Minas

Minas é o 6° maior produtor de frangos do país, atrás apenas dos estados do sul, de São Paulo e Goiás, respondendo por quase 8% da produção brasileira. Em 2021, o estado produziu mais de 1 milhão de toneladas de frangos. Segundo Faria, existem, no estado, cerca de 3 mil granjas integradas para produção dia frangos, juntamente com os frigoríficos, geram mais de 25 mil empregos diretos e outros 200 mil indiretos em toda a cadeia produtiva. “Minas tem avançado e manteve plena produção no período da pandemia, contribuindo para abastecer as mesas dos brasileiros e exportar os excedentes. Os estados do sul possuem algumas vantagens competitivas, associadas ao seu pioneirismo na avicultura industrial iniciada ainda nos anos 50, o clima mais ameno que foi determinante até o início deste século, e a proximidade de portos que são muito importantes para o escoamento das exportações. Estes fatores, ao longo dos anos, contribuíram para que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul produzissem e exportassem em largas escalas. “Um terço da produção brasileira é exportada e os fretes de alimentos congelados são importantes para as decisões de investimentos das agroindústrias”, disse Cláudio.

A História em Tópicos

  • Além da tradicional criação de frangos, a avicultura também abrange a criação de gansos, avestruzes, codornas, patos, marrecos e outras aves.

  • Os registros históricos indicam que a avicultura comercial de aves caipiras teve início, no Brasil, na década de 30 na região sudeste, especialmente em São Paulo.

  • Esses animais possivelmente chegaram ao país junto com os portugueses, na época colonial em torno de 1500.

  • Contudo, a comercialização se deu a partir de 1860 no sistema “caipira”, com as aves soltas e demorando cerca de seis meses para o abate.

  • Hoje em dia, devido à industrialização e avanços na área da avicultura, o tempo de abate gira em torno de 40 a 45 dias.

  • Já a Avicultura Industrial, com a adoção de melhoramentos genéticos e rações balanceadas, se intensificou a partir da década de 50. Até meados dos anos 70, o Brasil produzia frangos exclusivamente para o consumo interno.

  • De lá para cá a avicultura foi se profissionalizando e implementando granjas cada vez mais adequadas à ambiência e manejo dos animais.

  • Hoje, com menos de 40 dias os frangos conseguem atingir os mesmos 2,5 kg que alcançavam aos 180 dias na década de 30.

  • Emprega 500 mil trabalhadores em fábricas.

  • Três milhões e meio de pessoas estão diretamente ou indiretamente envolvidas na cadeia da avicultura.

  • A avicultura tem um papel sócio econômico muito importante para o país, os estados e os municípios. Os municípios que possuem uma agroindústria do setor, possuem índices de IDH a níveis elevados em relação à média nacional, por gerar grande quantidade de empregos e renda.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.