O convite “Deixai-vos reconciliar” vem do coração de Paulo apóstolo e nos chama à reconciliação com Deus. Paulo, ao experimentar o amor divino, entendeu as limitações do coração humano e buscava orientar as pessoas a se tornarem instrumentos de paz, de solidariedade, segundo os ensinamentos de Cristo. Ao se dirigir aos Gálatas, o apóstolo questiona quem os impediu de seguir a verdade, lembrando-os de que foram chamados à liberdade, mas se “devoravam uns aos outros”. Em todos os tempos, a sociedade deve retomar a obediência à verdade para superar disputas e promover a paz e a justiça.
Defender a verdade é um nobre propósito, que deve ser vivido com humildade e convicção, pois a verdade é expressão do amor e orienta a ação moral. Sem justiça, não se pode construir uma sociedade baseada no amor, a partir da misericórdia, gratuidade e comunhão. Polarizações incitadas pelo ódio dificultam o desenvolvimento de uma sociedade justa. A simples disputa partidária, movida por interesses egoístas, não equilibra as relações sociais. Quando a política é reduzida a emoções efêmeras, a cidadania perde qualidade e a sociedade se fragmenta, sem espaço para ações construtivas.
Superar paixões ideológicas e partidárias exige ações que busquem o bem comum, inspiradas na fraternidade e no reconhecimento da vida como dom. O egoísmo impede diálogos lúcidos e reconciliação, causando retrocessos sociais e políticos. A Igreja Católica ensina que o ser humano tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, e para curá-la é preciso acolher o convite à reconciliação com Deus. O caminho da reconciliação vence extremismos e promove diálogos voltados para o bem comum. A sociedade está ameaçada pelas polarizações, e o contexto atual exige novas dinâmicas, baseadas no convite partilhado pelo apóstolo Paulo: “Deixai-vos reconciliar”.
