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Mineração em águas profundas pode causar danos significativos à vida marinha, aponta estudo

Segundo os dados, as extensas áreas do fundo do mar no Pacífico estão cobertas por nódulos polimetálicos

Uma foto tirada em 12 de junho de 2025 em Rarotonga, nas Ilhas Cook, mostra nódulos polimetálicos, pedaços de rocha que cobrem vastas extensões do fundo do mar do Oceano Pacífico.

A mineração em águas profundas pode afetar a vida marinha, desde pequenos organismos das profundezas até predadores como peixes-espadas e tubarões, de acordo com a empresa canadense The Metals Company, especializada em mineração em águas profundas. A pesquisa foi revelada nessa quinta-feira (3).

Segundo os dados, as extensas áreas do fundo do mar no Pacífico estão cobertas por nódulos polimetálicos — formações rochosas arredondadas ricas em metais como cobalto e níquel, essenciais para a fabricação de baterias.

A empresa procura explorar esses nódulos em águas internacionais, especificamente em uma área remota chamada Zona Clarion-Clipperton. Nesta quinta, a agência científica australiana publicou uma série de relatórios técnicos explicando como será feito o gerenciamento dessa mineração.

Espécies como pepinos-do-mar, vermes marinhos, estrelas-do-mar e crustáceos podem sofrer “reduções imediatas significativas em sua abundância com a mineração”, aponta a pesquisa. Embora algumas dessas espécies possam apresentar recuperação parcial dentro de um ano, organismos filtradores e outros seres microscópicos que se alimentam de sedimentos do fundo do mar mostram “recuperação mínima”.

“No fundo do mar, nossa pesquisa indica que há impactos locais consideráveis resultantes de diferentes operações de mineração”, afirmou o cientista Piers Dunstan durante uma conferência.

Ainda não há consenso sobre o melhor método para extrair os nódulos, que podem estar a mais de cinco quilômetros de profundidade. A maioria dos projetos aposta no uso de máquinas robóticas ou veículos rastreadores que operam no fundo, marinho.

Os cientistas da Austrália também estudaram os efeitos das plumas de sedimentos — liberadas como subproduto da mineração — sobre tubarões e outros peixes. Em determinadas situações, esses animais maiores podem acumular metais tóxicos no sangue após longos períodos de exposição às plumas.

As simulações indicaram, porém, que os níveis de metais no sangue não ultrapassariam os limites internacionais de segurança, e que os impactos seriam reduzidos se os sedimentos fossem descarregados em profundidades maiores.

“Este projeto ajuda a garantir que, se a mineração em águas profundas for inevitável, os riscos e impactos potenciais sobre a vida marinha e os ecossistemas fiquem bem esclarecidos”, destacou Dunstan.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.