As mudanças nas políticas de conteúdo anunciadas por Mark Zuckerberg para os serviços da Meta, incluindo Facebook, Instagram e Threads, podem abrir espaço para discursos de ódio e preconceito. Uma análise nas alterações feitas pela empresa nos termos que são considerados ofensivos mostra que há brechas inclusive para permitir ataques homofóbicos e classificar pessoas transgênero como ‘doentes mentais’, em um retrocesso de políticas públicas para saúde definidos pela Organização Mundial da Saúde desde os anos 1990.
Artigo da revista Wired analisa os tópicos alterados pela Meta. A Itatiaia verificou que planos de fundo com temática LGBT tiveram nomes alterados: o que chamava “LGBT”, por exemplo, é encontrado como ‘arco-íris’.
As mudanças mais marcantes foram as realizadas na política de ‘Hateful Conduct’ (condutas de ódio), que abrange tópicos como imigração, gênero e orientação sexual.
Em uma mudança drástica, a companhia agora permite “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em orientação sexual ou de gênero, dados discursos políticos e religiosos sobre transgeneridade e homossexualidade, e o uso informal de palavras como “esquisito”. Em outras palavras, destaca a Wired, “a Meta agora parece permitir aos usuários acusar gays ou pessoas transgênero de serem mentalmente doentes por conta de sua identidade de gênero ou orientação sexual”. Questionada sobre o tópico, a Meta preferiu não responder à publicação.
A medida contraria uma diretriz clássica da OMS (Organização Mundial de Saúde), que desde 1990 não trata como doença a orientação sexual de indivíduos. Desde 2018, a OMS não considera transgeneridade como doença.
A nova versão da política de conduta da Meta foi atualizada em inglês. Clique nesse link e acesse as mudanças.
Já nessa quarta-feira (8), a empresa começou a mudar nomes, sem citar a comunidade LGBTQIAP+. Antes, um dos fundos de tela padrões da empresa era denominado LGBT e, agora, já se chama ‘Arco-Íris’. Veja:
A princípio, as mudanças serão implementadas apenas nos Estados Unidos, e depois serão levadas a outros países. A mudança foi anunciada em vídeo pelo fundador e CEO da empresa, Mark Zuckerberg. Em seu discurso, ele anunciou o fim do fact-checking da Meta, classificou leis europeias como ‘censura’ e acusou países da América Latina de terem ‘cortes secretas que derrubam conteúdo’, sem citar nomes. Agora, as redes sociais terão uma função parecida com a do X, com as ‘notas da comunidade'.