Com 41 anos, Akihiko Kondo encara um momento ‘complicado’. Ele perdeu a esposa após quatro anos de casamento. No entanto, o japonês não viveu o
O administrador de uma escola pública é fã da artista pop e decidiu ter um avatar desenvolvido pela empresa Gatebox para que ela fizesse parte de sua vida de alguma forma. Porém, o casamento durou dois aniversários, já que a empresa responsável pelo avatar, descontinuou o serviço.
A paixão pelo holograma foi tão grande, que na época, Akihiko realizou a cerimônia simbólica de casamento em 2018, com a noiva representada por uma versão de pelúcia para facilitar a interação com os convidados. Durante o convívio, ele adotava hábitos comuns da relação de um casal, como avisar quando saia para trabalhar e contar como foi o dia.
Embora a humanidade esteja vivendo uma nova fase com a transformação digital e a ascensão da inteligência artificial, muitas pessoas ficam surpresas com a substituição da interação humana por uma relação híbrida com uma máquina.
Nesta fotografia tirada em 10 de novembro de 2018, o japonês Akihiko Kondo posa com uma boneca da cantora japonesa de realidade virtual Hatsune Miku, enquanto mostra a certidão de casamento deles, em seu apartamento em Tóquio, uma semana depois de se casar com ela.
A substituição de relações pessoais reais por agentes robotizados programados para responder ao usuário conforme suas expectativas, é algo que tem crescido no mundo inteiro.
O pesquisador e professor de robótica da Universidade de Sheffield, Tony Prescott, apresentou o livro “The psychology of artificial intelligence” (“A psicologia da inteligência artificial”), no qual argumenta que a IA pode ser um paliativo para a solidão. Mas com riscos, segundo ele e dezenas de pesquisadores.
Para Akihiko Kondo, esse romance inusitado tende a ser comum. Em entrevista à BBC, o japonês contou que nunca teve um relacionamento com outra pessoa.
“Tive alguns amores não correspondidos nos quais sempre fui rejeitado e isso me fez descartar a possibilidade de estar com alguém”, contou ele.
Na entrevista, Kodo relatou também ter sofrido assédio por parte de colegas e admite que os amigos pela internet e os jogos continuam sendo sua “comunidade”.
Após o holograma ser desativado, ele sofreu com a sensação de vazio e solidão. À AFP, ele recordou o tempo em que viveu com a versão virtual de Hatsune Miku: “Nunca a traí, sempre fui apaixonado por Miku. Penso nela todos os dias”, continuou.
A boneca da cantora japonesa de realidade virtual Hatsune Miku, usando uma aliança de casamento, está deitada na cama do japonês Akihiko Kondo, em seu apartamento em Tóquio, uma semana após seu casamento.
Por muito tempo, a maioria das pessoas não compreendia a preferência do funcionário público por um relacionamento amoroso com uma ferramenta tecnológica. Por isso, ele decidiu fundar a Associação Fictossexual para estimular a compreensão da fictossexualidade, que é a - atração sexual ou romântica direcionada apenas a personagens fictícias.
“Fundamos a Associação Fictossexual para promover a compreensão da fictossexualidade porque a sociedade não tem uma boa compreensão da questão”.