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Opositor de Putin, Alexei Navalny morre na prisão, segundo agências russas

De acordo com o Governo russo, ainda não há informações sobre a causa da morte

Opositor russo Alexei Navalny morreu na prisão, segundo agências russas

Alexei Navalny, opositor russo e principal adversário do Kremlin, morreu nesta sexta-feira (16), na prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos de prisão, segundo o Serviço Penitenciário Federal, em um comunicado que Navalny se sentiu mal após uma caminhada e perdeu a consciência. Os médicos de um hospital no norte da Rússia passaram mais de “meia hora” tentando reanimar o opositor.

“Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário N°3, o prisioneiro Navalny A.A. passou mal após uma caminhada. As causas da morte estão sendo determinadas”, afirmou o serviço penitenciário da região ártica de Yamal em um comunicado.

“Os médicos que chegaram à prisão prosseguiram com o protocolo de reanimação, que já havia sido aplicado pelos médicos da colônia penitenciária. Continuaram fazendo isso por mais de meia hora”, disse o Hospital de Labytnangi, uma cidade no norte da Rússia, segundo a agência Interfax.

Navalny, principal figura da oposição russa, estava preso no país desde que decidiu regressar à Rússia em 2021 e cumpria pena há cerca de três anos. Segundo a agência norte-americana Associated Press, uma ambulância chegou para tentar reabilitá-lo, mas ele não resistiu.

Até o momento, o governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte. Navalny foi condenado a 19 anos de prisão em agosto passado, após ter sido considerado culpado de criar uma comunidade extremista, financiar ativistas extremistas e vários outros crimes.

A prisão, chamada de Lobo Polar, onde Navalny ficou preso, é considerada uma das mais difíceis da Rússia. A maioria dos prisioneiros que continuam nela foram condenados por crimes graves. Para se ter ideia, durante o inverno no local, as temperaturas podem chegar a até -28°C.

Quem era Navalny

Alexei Navalny é um ex-advogado com fama de satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção. Em 2010 ele liderou o movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país. Navalny era há muito tempo uma pedra no sapato do presidente Vladimir Putin, expondo a corrupção em altos cargos do governo da Rússia, fazendo campanha contra o partido no poder e orquestrando alguns dos maiores protestos antigovernamentais vistos nos últimos anos.

Ele retornou à Rússia em 2021 e foi rapidamente preso por acusações que rejeitou, dizendo que possuem motivação política. Ele estava na prisão desde então.

Os seus apoiadores continuamente alegaram que a sua detenção e encarceramento foram uma tentativa politicamente motivada de reprimir as suas críticas a Putin.

A morte de Navalany acontece pouco antes das eleições presidenciais da Rússia, marcadas para 17 de março, onde Putin concorrerá ao seu quinto mandato, em uma medida que poderá mantê-lo no poder até pelo menos 2030.

Manifestações

A prisão não abalou sua determinação. Nas últimas audiências e nas últimas mensagens publicadas em suas redes sociais por meio dos advogados, Navalny não deixou de criticar Putin, que descreveu como um “avô escondido em um bunker”, já que o presidente russo pouco aparece em público.

No processo por “extremismo”, ele criticou a “guerra mais estúpida e mais insensata do século XXI”, ao falar sobre ofensiva russa na Ucrânia.

Nas mensagens divulgadas nas redes sociais, ele ironizava as humilhações que sofria nas mãos dos agentes penitenciários.

No dia 1º de fevereiro, sua equipe publicou uma mensagem na qual convocava uma manifestação na Rússia para as eleições presidenciais de 15 a 17 de março, que provavelmente conduzirão Putin a um novo mandato.

A vitória do presidente russo parece um fato consumado, já que os rivais, dos quais Navalny era o de maior destaque, estão presos ou no exílio. E a repressão aumentou desde o início da ofensiva de Moscou contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

*Matéria em atualização* com informações de AFP

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.