Três a cada quatro pilotos admitiram terem cochilado por alguns segundos, pelo menos uma vez, enquanto voavam, de acordo com uma pesquisa realizada pela associação europeia de pilotos, a European Cockpit Association (ECA). O estudo ouviu 6.900 profissionais em 31 países europeus, entre 1º e 22 de julho.
Segundo o levantamento, 25% dos entrevistados afirmaram ter caído no sono por cinco ou mais vezes. A maioria (73%) disse que não consegue descansar adequadamente entre um voo e outro. De acordo com a ECA, há “deficiências estruturais” nas companhias aéreas e na fiscalização feita pelas autoridades para gerenciar o cansaço desses profissionais.
“Os riscos de segurança devido à fadiga não são suficientemente levados a sério por muitas companhias aéreas europeias”, critica Vivianne Rehaag, especialista em segurança do sindicato alemão de pilotos Vereinigung Cockpit (VC), em entrevista à Deutsche Welle.
Pilotos relatam pressão para estender horários das equipes
Os dados foram coletados antes do pico da alta estação. Segundo o ECA, a exaustão dos pilotos deve ter piorado na temporada de férias na Europa, quando o número de voos atinge o seu ápice. O sindicato alemão de pilotos alerta para uma “tendência preocupante de extensão dos horários de trabalho” para além do que é seguro.
Na aviação, existe a possibilidade de o comandante pedir à tripulação que estenda o horário para além do limite previsto em lei. Isso acontece quando uma viagem dura mais do que o esperado, devido ao mau tempo, por exemplo. Entre os entrevistados, um em cada cinco pilotos estendeu os horários da equipe duas ou mais vezes recentemente.
A decisão é fruto, muitas vezes, de uma pressão das companhias aéreas. Seis em cada dez profissionais afirmaram ter receio de ser opor a tais medidas. Apenas 11% dos pilotos disseram que as companhias aéreas anunciaram mudanças para melhorar a segurança dos voos após reclamações de cansaço.
