Ouvindo...

Quem é Javier Milei, aliado de Bolsonaro que venceu as primárias da eleição na Argentina

Candidato ultraliberal foi o primeiro colocado das prévias, que geralmente costumam ‘acertar’ o escolhido na disputa a valer, marcada para outubro

Vencidas por Milei, primárias argentinas aconteceram nesse domingo

Vencedor das eleições primárias da Argentina, também chamadas de Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso), o economista Javier Milei tem conseguido reunir, em torno de sua candidatura presidencial, o apoio de forças que circulam da direita à extrema-direita. Entre eles, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) As prévias argentinas aconteceram nesse domingo (13) e, embora a coalizão La Libertad Avanza (A Liberdade Avança, em português), capitaneada por Milei, tenha triunfado, não se trata de um resultado definitivo. Isso porque a eleição “à vera” está agendada para outubro.

Na prática, as Paso servem para que a população defina quem, de fato, vai disputar a presidência da República. Deputado, Milei tem o sentimento antipolítica como um dos motes de sua campanha. “¡Que se vayan todos!” — “Fora, todos!”—, diz trecho da música eleitoral dele, que traz, entre outros tópicos, críticas à inflação que assola a Argentina. Ele, aliás, prometeu “acabar” com os problemas inflacionários.

De tendência liberal na economia, Milei costuma flertar com o ultraliberalismo. Ele é a favor do fechamento do Banco Central argentino e, certa feita, chegou a defender até mesmo a legitimidade da venda de órgãos. No campo dos costumes, já deu declarações contrárias ao aborto e, embora seja católico, é próximo a um rabino judaico de nome Axel Shimon Wahnish.

“Temos muitas coisas em comum. A começar que queremos o bem dos nossos países. Defendemos a família, a propriedade privada, o livre mercado, a liberdade de expressão e o legítimo direito à defesa. Queremos, sim, ser grandes, à altura de nosso território e de nossa população”, diz Bolsonaro, em gravação publicada na quarta-feira (10) por Milei.

Além do ex-chefe do Palácio do Planalto, o argentino busca manter diálogo com outros líderes internacionais do mesmo campo político. Entre eles, o estadunidense Donald Trump e o chileno José Antonio Kast.

A vitória de Milei, um homem de cabelos grandes e desgrenhados, fã de rock e ex-goleiro do Chacarita Juniors, pequeno time do futebol argentino, também foi festejada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

“Um ano atrás era um sonho, daí virou meta e hoje é realidade. Um excelente começo para o que pode ser a mudança real que a Argentina precisa Com vizinhos livres do socialismo o Brasil tem um ambiente mais favorável retomar o caminho da liberdade”, FALOU.

A ‘motosserra’ de Milei

Se, no Brasil dos anos 1960, Jânio Quadros se valia de uma “vassourinha” para protestar contra o fim do que chamava de “bandalheira”, Milei resolveu lançar mão de uma motosserra. A ferramenta é uma alegoria utilizada por ele para defender o enxugamento da máquina pública. Na lista de propostas está, por exemplo, a diminuição, de 18 para oito, do número de ministérios.

Ao buscar o voto dos eleitores jovens durante a campanha das prévias, por exemplo, Milei utilizou a palavra “casta” para se referir aos políticos. Ao recorrer ao termo, queria dizer que os mandatários da Argentina estavam imunes à crise econômica que atinge a população.

Embora tenha pouco efeito prático, a vitória nas prévias é, geralmente, um bom sinal para o primeiro colocado. O atual presidente, Alberto Fernández, ganhou a primeira etapa eleitoral em 2019. Seu grupo político, batizado Unión por la Pátria (União pela Pátria), lançou Sergio Massa, que terminou em terceiro lugar. A coalizão flutua entre a centro-esquerda e esquerda, tendo os ex-presidentes Juan Domingo Perón e Néstor Kirchner como principais bandeiras.

Em segundo lugar, ficou Patricia Bullrich, do “Juntos por El Cambio” (Juntos pela Mudança). Bullrich é descrita como uma representante da direita convencional, que, antes do período de Fernández, governou a Argentina por meio de Mauricio Macri.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.