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Pinscher e Chihuahua: muito além do 'ódio e tremedeira’, diz veterinária

Acabar com mito de temperamento difícil das duas raças passa pela educação dos cães e conscientização dos tutores.

Chihuahua e Pinscher

Quando se pensa nas raças Pinscher e Chihuahua, as imagens que costumam vir à cabeça geralmente envolvem cães de porte pequeno, com fama de alta concentração “de ódio e de tremedeira”.

As duas raças serão protagonistas do “ Encontro de AUmigos” neste sábado (15), em Juiz de Fora e a Itatiaia conversou com uma especialista para saber além do estereótipo de animais antissociais e raivosos.

Como destacou a médica veterinária Ingrid Estevam Pereira, é necessário educar o cachorro e também os tutores, para o cuidado correto e sem estímulos que gerem estresse para o animal ou impeçam a percepção de algum problema de saúde.

Cães com muita energia e que gostam de companhia

Ingrid Estevam Pereira comenta que as duas raças são marcadas pela energia e por gostar de companhia e de afeto. Por isso, para ser tutor delas, precisa ter disponibilidade para o cuidado.

“São cães que têm muita energia, então eles são muito adaptáveis a diversas situações. É muito importante que a família que esteja pensando em ter um Pinscher ou um Chihuahua, tenha disponibilidade de tempo pra atenção, pra companhia mesmo, eles gostam de estar perto da gente. E também que possam estimular ele fazer muitas atividades ao longo do dia, atividades mentais, cognitivas e mesmo físicas. Passear, fazer bastante caminhada, são animais que têm muita energia e precisa ser dissipada e direcionada”.

A médica veterinária aponta alguns detalhes importante no relacionamento e a convivência entre crianças e cães Pinscher e Chihuahua.

“Nas casas que têm crianças é mais importante ainda que seja feita uma educação e socialização desse animal pra evitar acidentes, mordidas. E o contrário também! São cachorros pequenos, delicados. Se essa interação com uma criança não for supervisionada, pode ser muito difícil. Pode causar até mesmo lesões no animal, ele pode cair, pode puxar pela patinha e machucar. Se for um animal socializado, se for desde cedo essa interação for muito saudável para ambos os lados, é muito interessante, mas precisa ser supervisionada”.

‘Puro ódio em pequeno porte’ pode ser culpa do tutor

O mito sobre Pinscher e Chihuahua serem bravos, pouco sociáveis e agressivos tem muito a ver com o tutor. De acordo com a médica veterinária Ingrid Estevam Pereira, é necessário entender o ambiente e estimular os cachorros a terem qualidade de vida.

“Se eles são 50% tremedeira, 50% raiva, vai depender muito do ambiente em que é onde eles vivem, em que estão inseridos e como é essa educação, se está sendo respeitado o comportamento do animal. É muito comum da gente ver os tutores e as pessoas acharem bonitinho o comportamento de rosnar, de morder e acabarem estimulando. É muito claro que se um Rottweiler ou um Pastor Alemão rosnarem, ninguém quer ficar perto, mas se um Pinscher ou um Chihuahua está rosnando, as pessoas tendem a achar engraçado ver ele bravo e acabam estimulando esse comportamento altivo dele e reativo”

E incentivar o cachorro a ter o comportamento agressivo pode gerar problemas para os tutores ou outras pessoas, como lembra Ingrid Estevam Pereira.

“O rosnar é um sinal muito claro de desconforto que o animal está passando. Então aquela brincadeira que pode estar muito legal pra gente não está legal pra ele. E aí ele manifesta rosnando e mostrando que não tá bom. E se a gente continua, ele pode acabar reagindo de forma mais enérgica. Embora sejam cachorrinhos pequenos e a mordida não seja de grande impacto, em crianças e idosos pode acabar machucando”.

Para mudar o comportamento, a saída é a educação, tanto do cachorro quanto da pessoa responsável por ele, segundo a médica veterinária

“É muito importante que a gente tenha entendimento desse comportamento, da manifestação de desconforto e não ficar estimulando a rosnar mais, a morder, brincar dessas coisas com eles. É possível que esses animais sejam socializados desde muito cedo, para que eles não sejam reativos com outras pessoas ou com outros animais e que o ambiente também seja um ambiente onde esse treinamento, essa educação, sejam constantes”.

Cuidados com exposição a outras pessoas ou outros animais

A educação – através do adestramento e treinamento adequados – também é a saída para o cachorro com personalidade menos sociável. A médica veterinária lembra que o tutor não pode arriscar expor o animal a situações e locais sem ele estar preparado

“Se ele tem problemas de socialização com outros cães ou com outras pessoas, a gente precisa corrigir esse comportamento através de educação, de treinamento, de adestramento, antes que ele seja colocado numa situação estressante e desconfortável. Então a gente não vai levar ele numa aglomeração, em encontro de cães, esperando que ele socialize. Ali não é um ambiente de socialização para ele se ele já não for um animal sociável, né? A gente precisa corrigir isso, antes para que esse encontro seja prazeroso tanto pro tutor quanto pra ele”.

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Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.