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Fórmula 1: relembre a primeira vitória de Ayrton Senna no GP de São Paulo

Conquista do GP de São Paulo em 1991 é considerada a mais heroica de Senna

Ayrton Senna, vencedor em Interlagos, em 1991, ao lado do austríaco Gerhard Berger (E), terceiro colocado; e do italiano Riccardo Patrese, da Williams

O Brasil será palco, entre os dias 7 e 9 de novembro, da 21ª etapa da temporada 2025 da Fórmula 1. O Grande Prêmio de São Paulo será disputado no tradicional Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, palco de algumas das corridas mais emocionantes da categoria.

Entre os grandes momentos vividos no circuito, uma vitória de Ayrton Senna ocupa um capítulo especial da história. Em 1991, o piloto conquistou, de forma heroica, o GP de São Paulo.

Disputado no dia 24 de março de 1991, no recém reformado Circuito de Interlagos, o Grande Prêmio de São Paulo daquele ano teve condições favoráveis a Senna. Isso porque, além de conhecer a pista como “sua casa”, a chuva se fez presente no fim da prova. Naqueles condições, Senna era considerado favorito para vencer a corrida.

A dramática corrida

Senna, da McLaren, largou na pole position e dividiu a primeira fila com Riccardo Patrese, da Williams. Assim que as luzes se apagaram, Nigel Mansell, companheiro de equipe de Patrese, superou o parceiro logo na primeira curva. O brasileiro aproveitou o momento de disputa entre eles e abriu vantagem na liderança.

Durante boa parte da corrida, o ídolo brasileiro manteve-se na primeira posição com tranquilidade. Mas quando faltava cerca de um terço da prova, Mansell começou a reduzir a diferença e passou a pressionar o piloto da McLaren em busca da vitória. O britânico impôs um ritmo agressivo e explorou ao máximo o desempenho do carro e os limites da pista.

A pressão, porém, durou pouco. Na volta 60, Mansell rodou na entrada do S do Senna, e perdeu qualquer chance de alcançar o brasileiro. A partir desse momento, mesmo com o começo da chuva em Interlagos, a vitória de Senna parecia encaminhada.

Mas o que parecia ser um desfecho tranquilo se transformou em um teste de perseverança. No início da volta 64, o câmbio da McLaren travou na sexta marcha, e impossibilitou qualquer troca. Sem condições de parar nos boxes, Senna precisou usar toda a sua habilidade para controlar o carro em um circuito repleto de curvas lentas, que exigiam marchas mais baixas.

Enquanto isso, Patrese, que vinha em segundo, foi informado pela Williams sobre o problema do rival e passou a tirar rapidamente a diferença. Mesmo assim, Senna resistiu até o fim, lutou contra o desgaste físico e o carro limitado e cruzou a linha de chegada sob o delírio das arquibancadas.

Emoção da torcida

A vitória provocou uma explosão de emoção no autódromo. O público brasileiro vibrava, os fiscais celebravam à beira da pista e, pelo rádio, Senna gritava e chorava, tomado pelo cansaço e pela alegria. Poucos metros depois da bandeirada, o carro apagou. O piloto precisou ser atendido pela equipe médica, pois estava com os músculos travados.

No pódio, ainda com espasmos de dor, Senna chorou novamente, agora de emoção e superação. Foi o seu primeiro triunfo em casa, conquistado de forma épica.

Dois anos mais tarde, em 1993, o tricampeão voltaria a vencer em Interlagos. Mas nenhuma outra vitória se comparou àquela de 1991, marcada por técnica, sofrimento e emoção.

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Isabela Mendes é jornalista em formação pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, passou pelas assessorias do Betim Futebol e do Mackenzie Esporte Clube.
Jornalista formado pelo Centro Universitário UNA. Acumula passagens pela Web Rádio Neves FM e Portal Esporte News Mundo, como setorista do América, além de possuir experiência em coberturas in-loco e podcast. Apaixonado por automobilismo e esportes americanos.