O Tribunal Real de Justiça de Londres iniciou nesta quarta-feira (29) as primeiras oitivas do pleito de Felipe Massa contra a Formula One Management (FOM), a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e Bernie Ecclestone, ex-mandatário da Fórmula 1.
O ex-piloto da Ferrari moveu ação devido ao caso Singapuragate, ocorrido no campeonato de 2008, que culminou com o vice-campeonato do brasileiro. Todavia, a defesa de Massa não pretende mudar o resultado daquela disputa, que teve o inglês Lewis Hamilton como campeão.
Em trechos dos documentos apresentados pelos representantes de Felipe, é citado claramente que o brasileiro busca reparação sobre o caso por meios indenizatórios e reconhecimento de responsabilidade.
“O Sr. Massa não está buscando nenhuma alteração no resultado do Campeonato de 2008. Nem há qualquer sugestão, apesar de este processo ter sido amplamente divulgado na imprensa, de que quaisquer terceiros desejam se dirigir ao Tribunal”, aponta uma das partes dos documentos.
O processo movido por Massa busca dois objetivos principais. O primeiro deles é uma indenização na ordem de 64 milhões de libras (R$ 455 milhões, na cotação atual).
O segundo ponto relaciona-se ao aspecto esportivo, no qual Massa busca duas declarações relacionadas ao Mundial de Pilotos de 2008, mesmo que o resultado da competição não seja alterado.
A primeira é a seguinte: “A FIA agiu em violação de seus próprios regulamentos ao não investigar prontamente as circunstâncias do acidente (de Nelsinho Piquet) em 2008". Já a segunda diz: “Se a FIA não tivesse agido em violação de seus próprios regulamentos, ela teria cancelado ou ajustado os resultados do Grande Prêmio de Singapura, com a consequência de que o Sr. Massa teria vencido o Campeonato de Pilotos de 2008”.
A defesa de Massa diz acreditar que as declarações são a maneira de “fazer justiça”, principalmente, por “evitarem a anulação dos resultados do campeonato de 2008” e não impactarem Hamilton ou outros pilotos.
O que alega a FOM
A FOM alega que a ação e os pedidos de Massa são “fúteis”. Além de citar que o brasileiro sugere que os pontos de Hamilton e outros pilotos, conquistados no GP de Singapura daquele ano, sejam removidos.
O julgamento
O primeiro dia de audiências foi realizado nessa terça-feira (28), quando o juiz responsável pelo processo, o Sir Robert Jay, leu os arquivos do caso. Já a partir desta quarta-feira foram iniciadas as oitivas de todas as partes envolvidas, e então, será decidido se a ação terá prosseguimento ou não.
O último dia da primeira fase de audiências está marcado para o dia 31, sexta-feira.
Os réus pedem que o pleito seja definido com uma decisão sumária (veredito dado antes de um julgamento completo) ou a extinção do processo.
Relembre o caso ‘Singapuragate’
O “Singapuragate” se trata da batida proposital causada por Nelsinho Piquet, e confirmada pelo próprio, durante o Grande Prêmio de Cingapura, em 2008. O objetivo do acidente era favorecer a corrida de Fernando Alonso, então companheiro de equipe de Piquet.
Após a batida, o safety car foi acionado. Alonso não foi chamado para os boxes, pois havia feito a troca de pneus e reabastecimento na volta anterior. Com isso, o espanhol assumiu a liderança da corrida e acabou por vencê-la. Para o azar de Felipe, que havia sido chamado pela Ferrari para realizar uma parada de reabastecimento e troca de pneus, uma mangueira de combustível ficou presa no carro. Isso forçou o abandono do brasileiro da prova.
No fim da temporada, os pontos fizeram falta a Felipe. Lewis Hamilton conquistou o título com um ponto de vantagem para o brasileiro em pleno Circuito de Interlagos, no Brasil.
Em 2009, Nelsinho confirmou participação e colaborou com a investigação do caso, feita pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Piquet Jr. apontou que chefes da equipe Renault, escuderia pela qual ele e Alonso corriam, o obrigaram a realizar a batida. Em troca, Piquet teria seu vínculo com a escuderia renovado.
