Ouvindo...

Inspirada no time de 82, Seleção tenta contra o Peru segunda vitória com Diniz

Técnico é fã do Brasil de Zico, Falcão e Sócrates da Copa da Espanha; jogo pelas Eliminatórias será nesta terça (12), em Lima

Fernando Diniz domina a bola em treinamento da Seleção em Lima, no Peru

Fernando Diniz não esconde sua admiração pela Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Foi vendo Zico, Éder, Júnior, Falcão, Sócrates, Cerezo e cia. que o agora treinador do Brasil decidiu ser jogador de futebol, ainda com oito anos. Ele desenhava os jogadores preferidos daquele time nas paredes de casa, em São Paulo, cidade onde passou a infância apesar de ser mineiro de Pato de Minas.

Essa paixão do treinador pelo que ele considera o futebol-arte apresentado por aquele time tem sido transmitido ao elenco da Seleção Brasileira convocado para os dois primeiros jogos nas Eliminatórias para a Copa de 2026. Na sexta-feira (8), o Brasil jogou bem e venceu a Bolívia por 5 a 1, em Belém. Nesta terça-feira (12), será a vez de estrear fora de casa, contra o Peru, no estádio Nacional de Lima. O confronto começa às 23h (de Brasília).

“Futebol tem a razão e a emoção, o equilíbrio é bom, mas a emoção comove mais as pessoas. A arte mais que a ciência. A Seleção de 82 cativou muitos corações, aqueles caras foram meus heróis de infância, queria ser igual a eles. Um time que encantou mesmo sem ganhar, uma injustiça muito grande. Por isso passo a meus jogadores que futebol não pode ser resumido a uma bola que entra. Zico foi um dos grandes gênios do futebol, despertou o desejo de muita gente ser jogador”, disse Diniz.

A derrota por 3 a 2 para a Itália, que tirou o Brasil da semifinal daquela Copa, desperta também em Diniz a lembrança da perda do pai, que ocorrera pouco antes. Ao fim da entrevista coletiva que concedeu em Belém na quinta-feira (7), véspera de encarar a Bolívia e estrear como técnico da Seleção, Diniz pôde abraçar Júnior, lateral da Seleção de 82 e que estava no local como comentarista da TV Globo.

Diniz tem passado aos jogadores da Seleção nesses primeiros treinamentos que eles podem cativar novamente o torcedor brasileiro, algo que, apesar dos títulos mundiais de 1994 e 2002, pode estar perdido desde aquela derrota no estádio Sarriá, em 1982.

“A gente que vive nesse mundo conhece muito bem as seleções marcantes. Ouvimos pai, tio, avô, quem teve o prazer de ver. Ainda não fui a fundo sobre o quão bonito e marcante foi a seleção de tantos craques. Mas acho que, sem dúvida nenhuma, a gente pode ser tudo o que ele [Diniz] fala. Ele transmite confiança e identificação com povo brasileiro que muitas vezes podemos perder ou ter perdido. Representar esse escudo e cores marcantes? Jamais podemos perder”, disse o atacante Matheus Cunha, do Wolverhampton-ING, de 24 anos, nascido em 1999, 17 anos depois da Copa de 1982.

Mesmo time pelo entrosamento

Diniz vai manter a escalação que bateu a Bolívia. Havia uma dúvida quanto ao condicionamento do zagueiro Gabriel Magalhães, que saiu de campo na sexta mancando, com dores musculares, mas ele fez exame de imagem e está bem.

O treinador quer ter uma base inicial, mesmo que mude algumas peças em convocações futuras, por questões de lesões ou mesmo por opção. Raphinha, por exemplo, vai ceder espaço a Vinícius Júnior em outubro, o atacante do Real Madrid deve estar recuperado da contusão que o tirou desses confrontos de setembro. Mas Raphinha, que não estava na lista inicial, foi bem em Belém, e deve ser lembrado logo de primeira nas próximas chamadas de Diniz.

Richarlison, que não tem marcado e chorou bastante no banco de reservas após ser substituído por Matheus Cunha na sexta-feira, terá mais uma oportunidade. Diniz disse que é preciso ver o que o centroavante agrega em campo em outras funções, como pivô e proteção de bola.

No Peru, o técnico Juan Reynoso não terá o experiente lateral Advíncula, de 33 anos, do Boca Juniors-ARG, expulso na estreia contra o Paraguai, um empate sem gols em Assunção. Corzo, do Universitario-PER, deve ser o substituto. No ataque Paolo Guerrero, 39 anos, ex-Corinthians, Flamengo, Inter e Avaí, e atualmente na LDU-EQU, será titular mais uma vez.

Peru x Brasil

Peru

Gallese; Corzo, Araujo, Abram e Trauco; Tapia, Yotún e Gonzáles; Polo, Carrillo e Guerrero. Técnico: Juan Reynoso

Brasil

Ederson; Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Renan Lodi; Casemiro e Bruno Guimarães; Raphinha, Neymar, Richarlison e Rodrygo. Técnico: Fernando Diniz

Motivo: 2ª rodada das Eliminatórias para a Copa de 2026

Data e horário: 12 de setembro de 2023, às 23h (de Brasília)

Local: Estádio Nacional, em Lima (PER)

Árbitro: Fernando Rapallini-ARG

Auxiliares: Diego Bonfá-ARG e Facundo Rodriguez-ARG

Árbitro de vídeo: German Delfino-ARG

Transmissão: TV Globo e SporTV

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.