Um dos jogadores mais experientes do Náutico, o lateral-direito Victor Ferraz conhece muito bem os bastidores do futebol brasileiro. Com passagens marcantes por clubes como Coritiba, Grêmio e Santos, o atleta de 35 anos comentou nesta quarta-feira (10) as ocorrências relativas à Operação Penalidade Máxima II, que investiga casos de manipulação de resultados em jogos pelo Brasil. Ferraz espera que os colegas que cometeram erro sejam punidos severamente e sirvam de exemplo.
“Só vejo uma solução: punição severa. Como para qualquer outra coisa no âmbito geral. A impunidade, infelizmente, faz com que as pessoas se encorajem a fazer determinadas coisas. Eu não estou aqui para ser juiz de nada, nem dizendo que quem é acusado é culpado, mas quando for comprovado é necessário isso. Se não, não para”, disse Victor Ferraz.
“O ser humano só trabalha com o medo da punição e acaba entrando um pouco mais da linha. Espero que pare, somente toda essa divulgação monstruosa que o caso está tendo, só isso vai diminuir bastante. E quando saírem as punições, vai praticamente zerar, porque 100% a gente sabe que é impossível, mas vai tornar as coisas mais justas”, acrescentou.
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Questionado se temia fazer faltas, ou tomar cartões amarelos ao longo do jogo e ser questionado por possível ligações ilegais, o lateral-direito demonstrou absoluta convicção na sua honestidade e seriedade como atleta. Garantiu que não teme isso.
“Acho que isso não traz pressão maior, pelo menos para mim não. Jogadores são seres humanos, cometem erros dentro e fora de campo. Os que cometeram fora de campo precisam ser checados e punidos. Dentro de campo, eu nem penso nisso, zero. A pressão nesse sentido é zero para mim”, disse.
“Do ano passado para cá, aumentou mais de ser falado disso, dos casos. Antes disso, não lembro de ter sido comentado na minha época de Santos, até mesmo de Grêmio, nunca tinha visto casos assim. Tinha coisas isoladas, na NBA, nos Campeonatos Italiano e espanhol, mas da maneira sendo nunca tinha visto”, completou.
Victor Ferraz: sentimento de tristeza
Victor Ferraz, entretanto, admitiu que nos vestiários do Náutico, onde o zagueiro Paulo Miranda está afastado por ser um dos investigados pelo Ministério Público de Goiás, os jogadores comentam entre si sobre as investigações e os nomes que não vinculados ao esquema.
“Conversamos bastante, não tem como, é o assunto do momento. Obviamente, no vestiário se comenta, quando sai o nome de um atleta novo falamos: ‘olha só, infelizmente, quem caiu’. Há mais tristeza em comum pela falha, porque a gente sabe como é difícil chegar ao nível de se tornar jogador profissional, de alcançar esse sonho e aí, por conta de uma falha, não vou nem falar desvio de caráter, você é pego. Todo mundo erra, e tem que pagar, não estou aqui para passar pano, mas o sentimento no vestiário aqui mais de tristeza: ‘poxa, caiu mais um’. Há sempre mais um”, lamentou.