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Santos é condenado a pagar R$ 20 mil a ex-funcionário banido do futebol

Clube alvinegro praiano poderá recorrer à decisão da Justiça

Bandeira do Santos no Morumbis

O Santos foi condenado a pagar uma indenização de R$ 20 mil por danos morais a Fabrício de Paula, ex-preparador de goleiros da equipe feminina do clube. A decisão foi tomada nesta terça-feira (19) pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em Santos-SP.

Fabrício havia entrado com uma ação trabalhista pedindo a anulação da demissão por justa causa e uma indenização de R$ 100 mil. No entanto, a juíza Mayra Freire de Figueiredo rejeitou o pedido principal, mantendo a demissão. Apesar disso, ela entendeu que o clube extrapolou os limites ao tornar pública a dispensa antes de comunicar oficialmente o funcionário, o que gerou a condenação por dano moral.

O que motivou a indenização foi a entrevista coletiva concedida em 20 de junho de 2022 pelo então presidente do Santos, Andrés Rueda. Na ocasião, ele falou publicamente sobre o caso, sem citar o nome de Fabrício.

Rueda, na oportunidade, tornou pública a acusação de manipulação de resultados supostamente feita pelo preparador.

“Um funcionário do nosso clube, do futebol feminino, utilizando-se de um intermediário do Bragantino, tentou subornar uma jogadora do Bragantino para arranjar um resultado elástico já no primeiro tempo do jogo para efeito de apostas”, afirmou Rueda.

“A alegação é de que o Bragantino já estava eliminado. A jogadora prontamente recusou a proposta e comunicou seus superiores, que têm uma relação muito forte com o Thiago, apresentando inclusive provas materiais, prints de conversas. Tão logo chegou ao nosso conhecimento, junto com o Thiago, a gente tomou algumas providências. Providências que tomamos de imediato: demissão por justa causa de todos os envolvidos. Oficiamos imediatamente a CBF, colocando as provas, os prints”, continuou.

A defesa de Fabrício argumenta que a exposição feita por Rueda ocorreu antes de qualquer apuração formal e influenciou diretamente na repercussão do caso. Após a denúncia, a CBF enviou o processo ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que baniu Fabrício do futebol por tentativa de manipulação de resultados, além de aplicar uma multa de R$ 60 mil.

Além disso, a defesa do ex-preparador entende que a declaração pública do presidente do Santos prejudicou não só sua imagem profissional, mas também pode ter interferido no julgamento da Justiça Desportiva. Por isso, os advogados anunciaram que vão recorrer da decisão trabalhista, buscando reverter a justa causa e aumentar a indenização para os R$ 100 mil originalmente pedidos.

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Envelope

Em 2022, o presidente do Santos, Marcelo Teixeira Rueda, levantou questionamentos sobre uma possível ligação da arbitragem com um suposto esquema irregular. Segundo ele, uma situação registrada antes do início de uma partida chamou atenção e merecia ser devidamente investigada. Conforme relatado, um membro da equipe santista — Fabrício — teria repassado um envelope à quarta árbitra da partida, Adeli Mara Monteiro, diante da árbitra principal, Marianna Nanni Batalha.

Rueda preferiu não especular sobre o conteúdo do envelope, mas classificou o episódio como “estranho” e afirmou que todas as imagens já foram entregues à CBF e às autoridades policiais.

“Temos uma cena que, no mínimo, precisa ser analisada com cuidado. Um envelope foi passado de um funcionário do clube para a quarta árbitra, na presença da árbitra principal, antes do apito inicial. Comunicamos a CBF, registramos um boletim de ocorrência para que haja investigação criminal, e estamos reunindo documentação para enviar ao Ministério Público. Não vamos descansar enquanto tudo não for esclarecido”, declarou o dirigente na ocasião.

Ele ainda ressaltou que não está em posição de afirmar se houve envolvimento direto da arbitragem, mas insistiu na necessidade de apuração rigorosa.

“Não quero fazer acusações sem provas. O envelope aparece nas imagens. Isso, por si só, já exige explicações. É um comportamento fora do comum, e precisa ser averiguado”, finalizou Rueda na oportunidade.

A defesa de Fabrício alega foi provado na investigação que o preparador de goleiras não havia dado dinheiro à árbitra e que, só por isso, o profissional teria que ter recebido indenização por dano moral, pois foi acusado de algo que não fez. Na apuração do STJD, o envelope era apenas uma capa de chuva.

Posicionamento do Santos

A Itatiaia pediu ao Santos um posicionamento sobre a decisão da Justiça. Assim que houver retorno, a matéria será atualizada.

Rômulo Giacomin é repórter multimídia da Itatiaia. Formado pela UFOP, tem experiência como repórter de cidades da Região dos Inconfidentes, e, na cobertura esportiva, passou por Esporte News Mundo, Estado de Minas, Premier League Brasil e Trivela.