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Linha do tempo: entenda a briga judicial entre Textor e Eagle pela SAF do Botafogo

Disputa pelo controle do clube carioca chega à Justiça após afastamento do empresário norte-americano da Eagle Holding Football e agravamento da crise financeira do Lyon

John Textor está em imbróglio judicial pelo controle da SAF do Botafogo

A disputa pelo controle da SAF do Botafogo, entre John Textor e a Eagle Holding Football, chegou à Justiça. Abaixo, a Itatiaia Esporte mostra o atual cenário e a linha do tempo do imbróglio judicial entre as partes que, há poucos meses, faziam parte da “mesma família”.

A ‘Família Eagle’

Em 2022, a Eagle Holding Football adquiriu 90% das ações da SAF do Botafogo, que passou a fazer parte da “Família Eagle”. Outros clubes faziam parte da rede de clubes do grupo: Crystal Palace-ING, Molenbeek-BEL e Lyon-FRA.

A ideia de John Textor para o grupo era a criação de uma parceria colaborativa, desde troca de dados e processos até transferências de jogadores e adoção do “caixa único” dos clubes.

John Textor fundou a Eagle Football, mas cedeu 40% das ações da holding para levantar recursos para a compra do Lyon, dando como garantia as ações do Botafogo e do Molenbeek.

O afastamento de Textor do Lyon

A crise financeira do Lyon resultou no rebaixamento da equipe para a segunda divisão nacional, em junho de 2025, decretado pelo DNCG, órgão regulador financeiro do futebol francês.

Em novembro de 2024, a DNCG já havia impedido do Lyon de fazer contratações e alertado para o risco de rebaixamento se não houvesse melhoria no quadro financeiro.

Como parte da estratégia, John Textor foi afastado do comando do Lyon em 30 de junho.

Em 9 de julho, com Michele Kang - uma das investidoras para a compra do Lyon - na presidência e Michael Gerlinger como CEO, o clube reverteu a decisão e evitou o rebaixamento.

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A transferência da SAF do Botafogo

John Textor transferiu os ativos e a SAF do Botafogo para uma nova empresa criada nas Ilhas Cayman. A operação incluiu a venda de uma dívida da Eagle com o Botafogo, o aumento do capital social, a emissões de novas ações e um empréstimo de 100 milhões de euros, com as receitas futuras do clube como garantia.

A decisão teve a aprovação do Conselho Administrativo da SAF do Botafogo, em reunião realizada em 17 de julho.

Eagle vê ação ilegal de John Textor

Para a Eagle Holding Football, a ação de John Textor é ilegal. A nova gestão do grupo vê a venda da SAF do Botafogo como um caminho viável, mas, entre as alegações, entende que há um conflito de interesses com o empresário sendo o “vendedor e o comprador” ao mesmo tempo. Há o temor de denúncias de fraude na operação.

A disputa chega na Justiça

Neste cenário, John Textor e a Eagle Holding Football levaram a disputa à Justiça. Em 31 de julho, uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro “congelou as ações de Eagle na SAF do Botafogo”, impedindo alteração societária que tire o empresário do controle do clube. É com base nesta decisão que John Textor segue no comando do Glorioso.

A Eagle, por sua vez, entrou com processo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para impedir Textor de tomar decisões na gestão do Botafogo sem consultar a empresa além de suspender os efeitos das medidas aprovadas pelo Conselho Administrativo da SAF em 17 de julho, entre outras medidas. Confira os detalhes nesta reportagem.

‘Botafogo financiou a Europa, não o contrário’

Em 27 de julho, Textor esteve no Nilton Santos e deu explicações sobre o afastamento do Lyon, a situação financeira do Botafogo e a possibilidade de perder o comando do Glorioso.

O empresário afirmou “não temer” perder o controle da SAF, uma vez que ainda é sócio majoritário da Eagle. Além disso, reforçou que o Botafogo financiou o Lyon nas últimas temporadas.

“Botafogo financia a Europa, e não o contrário. Somos uma organização auditada por empresas do maior calibre, fizemos tudo isso para entrar no IPO, não há debate. Não há problema financeiro. Estamos financiando a Europa. Quero separar o Botafogo da parte europeia (Lyon), mas isso é a com diretoria da Eagle”, afirmou John Textor.

Segundo documentos do Botafogo, as receitas com as transferências de Luiz Henrique, Igor Jesus e Jair, negociados na atual janela de transferências, foram teriam sido repassados ao Lyon a fim de melhorar a situação financeira do clube francês. Há também informações sobre a venda de Savarino ao Lyon, mas o atleta segue atuando no Alvinegro.

Em nota publicada na segunda-feira (4), o Botafogo confirmou o “fim do caixa único” (cash pooling) entre os clubes da Eagle e as dívidas do Lyon com o clube carioca.

A SAF do Botafogo também confirma a “necessidade de reembolso” por parte do Lyon por valores anteriormente emprestados. Segundo o clube carioca, o montante chega a R$ 410 milhões. A direção francesa contesta o valor.

Jornalista e correspondente da Itatiaia no Rio de Janeiro. Apaixonado por esportes, pela arquibancada e contra torcida única.