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Jogador recusou oferta de R$ 30 mil por cartão amarelo na Série B; entenda

Quadrilha especializada em manipulação esportiva tentou aliciar o atleta, que não correspondeu

Jogador recusou proposta para receber cartão amarelo

Em abril deste ano, um jogador recusou uma oferta de R$ 30 mil para levar um cartão amarelo na Série B do Campeonato Brasileiro. A proposta foi feita por uma quadrilha especializada em manipulação de resultados esportivos.

A informação é do portal UmDois Esportes, que teve acesso ao conteúdo da abordagem criminosa, com áudios e prints das conversas. O nome e o clube do atleta serão preservados por questões de segurança.

O jogador comunicou o fato à direção do clube, que por sua vez realizou boletim de ocorrência em uma delegacia e notificou o fato à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Em contato com a reportagem do UmDois Esportes, a CBF afirmou que “qualquer denúncia como essa é encaminhada para a Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro e fica imediatamente sob sigilo”.

O valor oferecido era de R$ 15 mil adiantados e outros R$ 15 mil após a execução da manipulação.

Como funciona a abordagem

De acordo com o portal, um suposto empresário inicia a abordagem no Instagram, como especialista em buscar parcerias e patrocínios para atletas de futebol. Ele diz que o nome do jogador teria surgido em reuniões da diretoria da companhia.

O personagem tem 100 mil seguidores no Instagram, o que fortalece a veracidade da história. Na rede social, o empresário publica fotos ao redor do mundo, algumas delas ao lado de personalidades conhecidas do esporte nacional e mundial.

Logo depois, a conversa segue para o WhatsApp, no momento em que um segundo integrante entra em cena. O jogador é apresentado à suposta empresa de marketing esportivo, que tem site oficial com o seguinte slogan:

“Conectamos marcas de prestígio às personalidades mais influentes do Brasil”.

A conversa continua em mensagens de áudio. O intermediário promete montar uma apresentação do atleta. Esta seria levada às supostas empresas que, por sua vez, poderiam fechar contratos individuais de patrocínio.

“Temos que montar um mídia kit, que é uma apresentação sobre você, seu trabalho, suas redes sociais, o que você entrega, para conseguirmos vender isto para as empresas”, argumenta o assediador.

O suposto empresário cita que é necessário fazer um branding para fortalecer a persona do jogador e, assim, aumentar o potencial de venda.

É neste momento, contudo, que o tom da troca de mensagens começa a mudar. Uma proposta de dinheiro fácil é colocada na mesa.

“Mas não é somente isso. Temos diversas áreas empreendedoras em que você pode nos ajudar”, diz o intermediário.

Manipulação ‘100% segura’

O empreendedorismo em questão é resumido como de alto e fácil lucro. É neste momento que a manipulação de cartões amarelos é citada.

“Temos também a parte mais lucrativa de todas e 100% segura, deixando bem claro, que é a parte de garantir cartão”, afirma o manipulador, em outro áudio.

Neste caso, os participantes do esquema buscavam um cartão amarelo antes dos 30 minutos do primeiro tempo da próxima partida da Série B, que seria em dois dias.

Na tentativa de cooptar o jogador, o aliciador ainda afirma que, caso outro atleta de sua equipe recebesse o cartão amarelo antes deste período de tempo, ele não precisaria mais receber a advertência e mesmo assim teria o pagamento garantido.

“Imagine que a gente precisa de um cartão amarelo até os 30 minutos do primeiro tempo. Se alguém do seu time tomar, maravilha, você não precisa fazer nada e ganhou R$ 30 mil… Se ninguém tomar o amarelo próximo deste tempo, você precisa garantir que isso aconteça”, diz um último áudio.

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