O Terrão. Embora já coberto por um gramado de qualidade, segue sendo esse o apelido carinhoso dado às categorias de base do Corinthians, que se assentam em um complexo situado ao lado do CT Dr. Joaquim Grava, utilizado pela equipe profissional.
A Itatiaia foi convidada pela atual diretoria da base alvinegra para conhecer a estrutura e conversar sobre diversos temas que fazem parte do dia a dia da formação de atletas do Corinthians.
O CT
Construído no final da última década, o CT das categorias de base conserva estrutura de primeira linha, parelha com a utilizada por diversas equipes profissionais na Série A do Brasileirão. O espaço conta com academia, quatro campos, refeitório, salas de fisioterapia e análise de desempenho, uma ala inteira dedicada à parte administrativa e até mesmo consultório odontológico.
Desde a entrada, o CT da base do Corinthians já mostra alguma imponência. Os arames da portaria foram trocados por uma guarita com portão blindado, a fim de dar maior conforto aos profissionais do setor e oferecer segurança em eventuais invasões de torcedores ao espaço.
A parte do recovery (recuperação de jogadores) já está praticamente concluída, mas ainda sem condições de uso. A piscina, principal parte do setor, permanece vazia, já que há demanda para trocas de maquinário. O plano é de torná-la útil ainda neste ano.
O clube já orçou, também, uma troca nos equipamentos da academia, tido como ultrapassado para atender uma alta demanda de atletas da base alvinegra. A previsão de entrega dos produtos era no mês de junho, mas ainda não ocorreu.
Segue nos planos, também, a construção de uma arquibancada para três mil pessoas em um dos campos do CT. O Timão prevê cerca de um ano para desenvolvimento das obras, ainda não iniciadas. A ideia é mandar parte dos compromissos das categorias de base no centro de treinamento, com capacidade para receber torcedores.
Quem comanda a base do Corinthians?
Hierarquicamente, Claudinei Alves é o primeiro nome abaixo de Augusto Melo no comando das categorias de base do Corinthians. No dia a dia, porém, as funções são delegadas entre outras pessoas que compõem o departamento.
A administração conta com forte influência de Valmir Costa, diretor adjunto do clube. Wanderson Salles, embora tenha o mesmo cargo que Valmir, não tem esse tipo de atribuição e funciona mais como uma ala jurídica do departamento.
Na parte metodológica, é o ex-zagueiro Batata quem assume responsabilidade enquanto coordenador técnico, mantendo-se em diálogo com as comissões técnicas das categorias. Cabe a ele, também, dar a palavra final nas avaliações de jogadores a serem contratados pelo Corinthians.
Chicão, também ex-zagueiro, é quem busca fazer a interlocução dos departamentos profissional e amador. Mesmo assim, também é influente na indicação de jogadores para as categorias de base, como no caso do volante Messias, contratado pelo Timão junto ao Novorizontino, em janeiro, para o Sub-20.
Entre outros ex-jogadores que figuram no departamento está Dinei, que estava no CT no momento da visita da reportagem. À Itatiaia, Claudinei Alves afirmou que o ex-atacante é observador técnico, mas que acaba participando de “tudo” do dia a dia da base corintiana, sem que haja exatamente uma função estabelecida.
O Sub-18
Uma das novidades promovidas pela atual gestão do Corinthians foi a criação de uma categoria Sub-18, para dar minutagem de jogo aos atletas sem espaço no Sub-20. Ao todo, foram 17 contratações para esse “braço direito”, com promessa de ainda mais nomes a caminho.
Durante a visita da Itatiaia ao CT, um dos pontos destacados foi a quantidade de atletas do Sub-18 no treinamento da categoria. O campo estava dividido ao meio, sendo um lado jogadores de coletes amarelos e do outro, vermelhos, realizando atividades diferentes. Uma sob o comando do técnico Zé Augusto e outra sob olhares do auxiliar técnico Nilson.
Os amarelos seriam os jogadores que possuem contrato vigente com o Corinthians (cerca de 25 atletas). Do outro, em um número ainda maior, os atletas que estão em período de testes no clube paulista. Não há uma cota estabelecida para aprovação/reprovação destes jogadores em avaliação.
Ficou claro à reportagem, também, que o Sub-18 se trata de uma iniciativa mais voltada à parte financeira do que propriamente à formação de jogadores. A categoria disputará um torneio na Nigéria em agosto e possui conversas para jogar em Dubai e na China ainda neste ano. O foco, sobretudo, é a exposição dos jogadores para possíveis vendas em dólar.
A captação dos jogadores
Sandro Silva é o coordenador de captação da base do Corinthians, setor esse que conta com 11 profissionais atribuídos de viajar o estado para avaliar possíveis novos reforços ao futebol amador do clube.
Apesar disso, nas categorias Sub-17 e Sub-20, as contratações são feitas de maneira diferente. A atual gestão contratou o analista de mercado Ricardo Pereira de Oliveira para ser o homem forte do scouting nas principais categorias do clube paulista.
Boa parte dos reforços, como alegado por Claudinei Alves, chegou ao clube sem custos. A exceção fica pelo uruguaio Franco Delgado, que demandou o abatimento de um crédito de 90 mil dólares (R$589 mil reais) na Fifa.
Foco no físico
A parte física é o principal tema nos debates internos da diretoria das categorias de base do Corinthians. Há um consenso pela necessidade de desenvolver os jogadores fisicamente desde as equipes mais jovens.
Até por isso, o preparador físico Walmir Cruz assumiu um cargo de coordenação no setor, para participar ativamente do desenvolvimento corporal dos atletas. Ele pretende implementar um programa de informática ainda neste ano para obter números mais claros e explorar possíveis fraquezas dos jogadores.
O alojamento
Além das arquibancadas, a última fase para conclusão do CT da base do Corinthians é o alojamento de atletas. Atualmente, o clube assenta seus jogadores na “Casa do Atleta”, um condomínio localizado nas redondezas do Parque São Jorge.
À Itatiaia, Claudinei Alves afirmou que resta somente um laudo a ser aprovado para o início das obras, estimadas em seis meses para chegar à conclusão. O custo estimado é de pouco mais de R$20 milhões, verba que segundo a diretoria, já está disponível para uso.
O espaço poderá receber até 140 jogadores com idade entre 14 e 20 anos. O projeto, ainda que caro, é visto como fundamental para aumentar o raio de ação da captação do clube, que poderá investir cada vez mais em jogadores residentes fora do estado de São Paulo.