O jogador Léo Realpe, do RB Bragantino, é mais um atleta citado nas conversas obtidas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) no âmbito da investigação da Operação Penalidade Máxima. Segundo diálogos anexos à investigação, o equatoriano foi aliciado para receber um cartão amarelo e recebeu R$ 20 mil. No entanto, descobriu que não seria titular e indicou aos aliciadores o colega argentino Kevin Lomónaco, do mesmo clube, para ser advertido e embolsar R$ 70 mil.
Lomónaco recebeu R$ 30 mil como adiantamento por participação no esquema de manipulação, conforme demonstrou o MP-GO.
Em diálogo interceptado pelo MP-GO, Bruno Lopez, apontado como chefe da quadrilha de manipulação, fala que tem contato constante com o Léo Realpe. Nas conversas, o aliciador afirma que o jogador equatoriano do RB Bragantino indicou o argentino Kevin Lomónaco para participar do esquema.
O Léo Realpe é parceiro mesmo, ele não ia pular fora do barco, tá ligado? Ele falou que é um tal de Kevin, um tal de Kelvin ou Kevin que ia de titular, por isso ele correu
Kevin Lomónaco não está entre os denunciados pelo MP-GO porque optou por fechar um acordo de colaboração com o Ministério Público. Léo Realpe não foi denunciado formalmente pelo Ministério Público.
O contato da quadrilha com Lomónaco era feito pelo intermediador Luís Felipe Rodrigues de Castro. Este participante do esquema se tornou réu após a Justiça de Goiás aceitar a denúncia oferecida pelo MP-GO esta semana. O zagueiro do Bragantino não recebeu a segunda parte do dinheiro combinado: dos R$ 70 mil prometidos, R$ 40 mil ficaram pendentes.
Lomónaco foi titular na partida da 36ª rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado. Na derrota por 4 a 1 diante do América, o argentino cumpriu o ‘acordado’ e foi punido com cartão amarelo aos 24 minutos de jogo.
Para que a aposta envolvendo Lomónaco gerasse lucro, Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, também precisava ser punido. O defensor do Peixe não recebeu e gerou um desfalque de quase R$ 800 mil no esquema. O argentino do RB Bragantino foi abordado outras vezes, mas se negou a participar e sempre citava a dívida de R$ 40 mil em aberto.
Lomónaco chegou a receber proposta de R$ 200 mil para ser punido com cartão amarelo em jogo do Campeonato Paulista deste ano, mas recusou a oferta.
A Operação Penalidade Máxima
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Os apostadores aliciavam atletas para que eles fossem punidos ao longo de partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022. Também há registros de manipulação em jogos de alguns estaduais de 2023. A Operação Penalidade Máxima teve, até agora, duas fases.
São quinze jogadores formalmente denunciados e outras nove pessoas classificadas como intermediários entre os atletas e os apostadores. Bruno Lopez de Moura é apontado pelo Ministério Público como chefe da quadrilha.
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