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Delegado explica prisão de Miguelito, do América, acusado de injúria racial

Jogador boliviano foi detido em flagrante na noite desse sábado (4), após ser acusado por Allano, do Operário, de injúria racial

Delegado Gabriel Munhoz

O delegado Gabriel Munhoz, da Polícia Civil do Paraná, explicou a prisão em flagrante do meia Miguelito, do América, acusado de cometer injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, na noite desse domingo (4).

O episódio ocorreu no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa-PR, e provocou a paralisação do jogo, válido pela 6ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, por cerca de 15 minutos.

Segundo relato do atacante do Fantasma, Miguelito teria proferido a expressão ‘preto do c***' após uma disputa de bola, por volta dos 30 minutos do primeiro tempo. O volante Jacy, capitão do Operário, também teria ouvido a ofensa e confirmou o ocorrido em depoimento.

“Ao término do jogo, todas as partes envolvidas foram levadas até a delegacia. Inicialmente, ouviu-se a vítima. Ela relatou, com riqueza de detalhes, o que teria acontecido. Afirmou, categoricamente, ter ouvido a ofensa racial proferida pelo jogador Miguelito”, começou o delegado.

“Também foi ouvida a testemunha, que seria o capitão da equipe do Operário, o jogador Jacy, que estava próximo ao lance. Também afirma que pôde ouvir claramente o que o jogador Miguelito disse. Inclusive, é possível ver, pela imagem da transmissão oficial, que logo após essa ofensa ter sido proferida, o jogador Allano vai para cima, tenta tomar satisfações com o Miguelito”, seguiu.

“Diante do relato da vítima, diante da análise do contexto da imagem oficial, em que dá para ver que Miguelito passa por Allano, vira e profere algum tipo de ofensa, confirmado pela testemunha a ofensa racial, foi dada voz de prisão em flagrante para o jogador”, finalizou.

Busca por imagens

Neste momento, a Polícia Civil e o advogado do Operário buscam por imagens que possam comprovar a injúria racial. A transmissão da partida não conseguiu flagrar o momento, pois Miguelito estava de costas para a câmera.

“Em que pese as imagens oficiais não captarem o momento em que ele vira e fala, pois estava de costas para a câmera, a Polícia Civil e o advogado do Operário já entraram em contato com os canais responsáveis para tentar obter uma imagem em outro ângulo que comprove essa fala”, destacou Munhoz.

Ainda nesta segunda-feira (5), Miguelito deve passar por audiência de custódia virtual, já que o crime não permite pagamento de fiança. Ele já deixou a delegacia rumo ao Fórum de Ponta Grossa.

O restante da delegação do América está em voo rumo a Belo Horizonte.

“O inquérito será finalizado nos próximos dias, eventualmente com a juntada das imagens que corroborem com o que já se tem obtido. Uma vez que se trata de um crime com uma pena de dois a cinco anos de reclusão, o jogador está aguardando detido até a audiência de custódia”, disse Munhoz.

A versão de Miguelito

Conforme apuração da Itatiaia, Miguelito alega ter dito ‘mer** do c***'. A reportagem também ouviu que o América presta apoio jurídico ao jogador. Ele está acompanhado do supervisor do clube, Daniel Negrão, e o presidente do América SAF, Dower Araújo.

Nos bastidores, o América alega haver inconsistência nos relatos. De acordo com o clube, Allano teria mencionado uma frase diferente no campo, outra na delegacia, e Jacy teria relatado uma terceira versão do ocorrido. Para o clube mineiro, a existência de três versões distintas e a ausência de imagens enfraquecem a acusação.

Leia a explicação completa do delegado Gabriel Munhoz

“No final da noite de ontem, após o término da partida entre o clube Operário Ferroviário e o clube América Mineiro, válida pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro da Série B, chegou ao conhecimento da Polícia Civil uma situação de possível ofensa de cunho racial. Teria sido proferida por um jogador do América Mineiro, que seria o Miguelito, contra o jogador do Operário, que seria o Allano.

Diante dessa situação, houve inclusive acionamento do protocolo antirracismo pelo árbitro da partida. A partida foi paralisada, depois retomou. Ao término do jogo, todas as partes envolvidas foram levadas até a delegacia. Inicialmente, ouviu-se a vítima. Ela relatou, com riqueza de detalhes, o que teria acontecido. Afirmou, categoricamente, ter ouvido a ofensa racial proferida pelo jogador Miguelito.

Também foi ouvida a testemunha, que seria o capitão da equipe do Operário, o jogador Jacy, que estava próximo ao lance. Também afirma que pôde ouvir claramente o que o jogador Miguelito disse. Inclusive, é possível ver, pela imagem da transmissão oficial, que logo após essa ofensa ter sido proferida, o jogador Allano vai para cima, tenta tomar satisfações com o Miguelito.

Inclusive, tanto a vítima como a testemunha afirmam que, logo após Miguelito perceber que teria falado essa ofensa racista, ele tentou desconversar. Mas que foi possível ouvir de forma nítida e clara a ofensa racial.

Em que pese as imagens oficiais não captarem o momento em que ele vira e fala, pois estava de costas para a câmera, a Polícia Civil e o advogado do Operário já entraram em contato com os canais responsáveis para tentar obter uma imagem em outro ângulo que comprove essa fala.

Também vai ser averiguado se algum torcedor tem uma outra imagem, não oficial, para corroborar com o que já se tem. Mas, diante do relato da vítima, diante da análise do contexto da imagem oficial, em que dá para ver que Miguelito passa por Allano, vira e profere algum tipo de ofensa, confirmado pela testemunha, foi dado voz de prisão em flagrante para o jogador.

O inquérito será finalizado nos próximos dias, eventualmente com a juntada das imagens que corroborem com o que já se tem obtido. Uma vez que se trata de um crime com uma pena de dois a cinco anos de reclusão, o jogador está aguardando detido até a audiência de custódia”.

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Nuno Krause é chefe de reportagem do portal Itatiaia Esporte. Antes, foi correspondente da Itatiaia no Nordeste. Formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), acumula passagens por Bahia Notícias, Jornal A TARDE e Rádio Salvador FM.
Jornalista formado pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Já atuou em diversas áreas do jornalismo, como assessoria de imprensa, redação e comunicação interna. Apaixonado por esportes em geral e grande entusiasta dos e-sports
Repórter do ‘Seu nome, seu bairro’ na Itatiaia.
Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.