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Depois de Ronaldo, Pezzolano dispara sobre cânticos contra brasileiros

Treinador uruguaio se manifestou nesse domingo (8), logo após a vitória do Valladolid por 3 a 2 sobre o Mirandés

Paulo Pezzolano, técnico do Valladolid

Técnico uruguaio do Real Valladolid, da Espanha, Paulo Pezzolano disparou nesse domingo (8) ao ser questionado sobre cantos contra os “brasileiros” do clube. A declaração foi feita logo após vitória por 3 a 2 sobre o Mirandés, em casa, pela décima rodada da Segunda Divisão do Campeonato Espanhol.

“Fiquei triste e com vergonha que as pessoas cantaram contra os brasileiros. Todos fazemos parte do clube, e é um dano interno que não se vê de fora”, disse, em entrevista coletiva.

Com a fala, o técnico ex-Cruzeiro saiu em defesa do presidente do Valladolid, o ex-jogador Ronaldo. O Fenômeno, que também é sócio majoritário do clube celeste, divulgou nota nesse domingo em que repudiou os cantos.

“Sinto um profundo repúdio aos gritos que uma pequena minoria tem proferido contra uma nacionalidade específica e que não têm lugar no nosso futebol. Não só pelos danos que causam à sociedade, mas porque afetam fortemente os jogadores e colaboradores do nosso clube. O Real Valladolid colaborará ativamente com a LaLiga e as autoridades para identificar os responsáveis, para que deixem de manchar a imagem dos nossos adeptos”, escreveu, nas redes sociais.

A torcida do Valladolid tem protestado constantemente contra Ronaldo. Na música repudiada, há um trecho que diz: “Os anos passam, os jogadores passam, a diretoria desaparece amanhã, eu amo o clube, amo a camisa, os brasileiros têm que sair”.

Uma das torcidas organizadas do Valladolid também divulgou nota e afirmou que o caso se trata de uma “polêmica forçada” - leia o comunicado, na íntegra, ao fim desta reportagem. O Valladolid volta a campo no sábado (14), às 16h (de Brasília).

Na ocasião, o Valladolid visita o Espanyol, pela 11ª rodada da LaLiga 2. O time de Ronaldo e Pezzolano está na sexta posição, 19 pontos. Já o próximo rival é o vice-líder, com 20 pontos e um jogo a menos que o líder Tenerife, com 21.

Os dois primeiros colocados garantem acesso para o Campeonato Espanhol da temporada 2024/2025. Já o terceiro disputará um jogo mata-mata contra o 18º em busca de uma vaga na próxima edição da LaLiga.

Comunicado de torcida organizada do Valladolid

“Dada a surpreendente e forçada polêmica criada no final do jogo de ontem, por parte dos clubes situados na zona de animação do Fondo Norte 1928, queremos esclarecer o seguinte:

1. A música a que Ronaldo e Pezzolano se referem diz o seguinte. “Os anos passam, os jogadores passam, a diretoria desaparece amanhã, eu amo o clube, amo a camisa, os brasileiros têm que sair”.

É óbvio dizê-lo mas, caso o esclareçamos para que ninguém tenha dúvidas, com a última frase referimo-nos à atual propriedade do clube e ao entorno de pessoas ligadas a essa propriedade, não a todos os pessoas nascidas no Brasil. Ninguém é insultado ou desrespeitado.

Esta canção foi cantada em Zorrilla muitas outras vezes ao longo dos anos, mudando a última frase para “Las Saraleguis” ou “Carlos Suárez”. Esta canção, juntamente com outras canções de protesto, tem sido tocada desde o primeiro jogo da atual temporada e tem foi realizada até o minuto 12 conforme combinamos e publicamos esta semana em outro comunicado.

2. Em nosso elenco há vários jogadores brasileiros que nunca foram informados de nada, como pode ser verificado em todos os jogos durante os minutos restantes entre o dia 12 e o final do jogo. Mesmo nos últimos jogos, no final deles, os jogadores do plantel vêm lá atrás para cantar conosco e agradecer o incentivo.

3. É curioso que esta polêmica surja justamente no dia em que o atual dono do clube, Ronaldo Nazário, volta ao camarote e ouve em direto as críticas que lhe são feitas.

4. Aproveitamos para informar que a nossa linha continuará como está até agora, protestando até ao minuto 12 e torcendo pelo resto do jogo, sendo uma zona de animação livre e sem restrições e criticando o que consideramos adequado se assim for. Nós, os membros que lá nos reunimos para cada jogo, consideramos isso apropriado.

“Continuaremos lutando pelo nosso clube e pelo nosso escudo, para que todos os assinantes sejam respeitados e tenhamos voz e voto na sua mudança”.

Matheus Muratori é jornalista multimídia com experiência em muitas editorias, mas ama a área esportiva. Faz cobertura de futebol, basquete, vôlei, esportes americanos, olímpicos e e-sports. Tem experiência em jornal impresso, portais de notícias, blogs, redes sociais, vídeos e podcasts.