Uma nova regulamentação aprovada pela Uefa, órgão responsável pela gestão do futebol na Europa, pode mudar o esporte para sempre. Agora, clubes que têm o mesmo dono poderão participar da mesma competição continental já na temporada 2023/24.
A Primeira Câmara do Organismo de Controle Financeiro dos Clubes da Uefa (CFCB First Chamber, em inglês) aprovou, já para este ano, três casos de clubes com o mesmo proprietário e que jogarão torneios da entidade:
Aston Villa FC (ING) e Vitória Sport Clube (POR);
Brighton & Hove Albion FC (ING) e Royal Union Saint-Gilloise (BEL)
AC Milan (ITA) e Toulouse FC (FRA)
Presidente da Uefa, Aleksander Čeferin se mostrou um defensor da ideia já há alguns meses. Sob o argumento de que “não devíamos apenas dizer não para os investimentos”, ele sugeriu que as regras fossem repensadas, e agora com a aprovação, abre-se um precedente histórico. Um dos gigantes que deve ser afetado pela novidade é o Manchester United-ING.
A possível relação entre United e PSG
O clube inglês está em processo de venda e tem como um dos interessados o emir Tamim bin Hamad Al Thani, irmão do primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e filho do ex-primeiro-ministro qatari, Hamad bin Jassim Al Thani. Todos eles têm parentesco com a família real do país.
Caso seja comprado pelo emir, o United não terá literalmente o mesmo dono, entretanto, será controlado pelo mesmo “grupo” gestor do Paris Saint-Germain, da França. Desde 2011, o clube francês é presidido por Nasser Al-Ghanim Khelaïfi, atual CEO da QSI (Qatar Sports Investments), fundo de investimentos vinculado ao governo do Catar. Dessa forma, tanto o United como o PSG teriam gestão ligadas ao governo qatari.
Argumentos da Uefa
No comunicado em que destaca as mudanças, a Uefa diz ter notado diferenças de investimento e tratamento na comparação entre clubes com o mesmo proprietário. Além disso, a entidade diz não ser capaz de participar de decisões como a aprovação do orçamento de clubes e contratos com outros acionistas.
Dessa forma, o regulamento permitiria que clubes pertençam a diferentes empresas do mesmo dono/investidor. É o que pode acontecer com Manchester United e PSG: a oferta pelo clube inglês não parte da QSI, dona do PSG, mas por meio da Nine Two Foundation. Entretanto, ambas são financiadas pela família real do Catar.
Preocupação com transferências
Outro ponto de alerta para a Uefa seria a negociação entre esses clubes que teriam o mesmo dono. Por isso, a entidade destacou que os seis clubes envolvidos concordaram em não realizar transferências entre si até setembro de 2024, sejam empréstimos ou contratações. Além disso, os clubes também não farão qualquer acordo comercial ou técnico juntos.
“A Primeira Câmara do CFCB continuará monitorando os clubes mencionados acima para garantir que a regra de propriedade de vários clubes continue a ser cumprida daqui para frente”, finalizou a Uefa em comunicado.