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Nos 85 minutos de Neymar em campo, craque mostrou que está de volta à Copa

Depois de ficar de fora das partidas contra Suíça e Camarões, camisa 10 retornou fazendo gol de pênalti

Neymar retornou à Seleção no confronto com a Coreia

Enviado especial a Doha - Eram dois minutos e 48 segundos quando Neymar pegou na bola efetivamente pela primeira vez. E o som ouvido no 974 Stadium entregou que se tratava de alguém diferente. Um misto de admiração e esperança, já que a arena estava quase tomada por brasileiros, que contaram com reforço considerável dos locais e turistas de países próximos, todos fãs do camisa 10 da Seleção.

E Neymar estava sim em campo. A lesão no tornozelo direito para muita gente o tiraria da Copa. Parece que o risco de perder o torneio o colocou na Copa. É claro que o adversário está longe de ser uma potência e os 5 a 1 que o Brasil aplicou neles no início de junho, lá em Seul, não foi por acaso.

Mas Neymar queria jogo. O 1 a 0 com Vinícius Júnior logo aos sete minutos deu tranquilidade. Aos nove, o camisa 10 sofreu a primeira falta. Em seguida, dribles em sequência, com sua marca registrada, e logo depois o pênalti em Richarlison.

Os gritos de Neymar encerraram a encenação de Raphinha ter pegado a bola, pois ninguém no 974 Stadium imaginava que o craque da Seleção, batedor de pênaltis do time, voltando de lesão, ia deixar a cobrança com outro.

Aos 12 minutos e 18 segundos a estratégia do goleiro Kim Seung-Gyu, de tentar “dar” um canto a Neymar, foi por terra. Muito pelo contrário. Ele ficou de joelhos diante da categoria do brasileiro no trato da bola.

Após a comemoração com os companheiros, olhou para o céu com os braços erguidos e mandou um beijo. Em seguida, foi na direção do banco de reservas brasileiro, mas para cumprimentar o cortado Alex Telles, fora da Copa por uma lesão no joelho direito.

O Brasil fez três, com Richarlison, quatro, com Lucas Paquetá, e a classificação às quartas de final foi encaminhada ainda no primeiro tempo, marcado pela supremacia brasileira e por Neymar mostrar que voltou para a Copa.

Atuação

Neymar voltou a campo para a segunda etapa abraçado a Raphinha, único integrante do quinteto ofensivo que não tinha marcado na primeira etapa, embora tenha tido contribuição decisiva no primeiro gol, marcado por Vinícius Júnior.

O ritmo do jogo diminuiu, e o dele também. Aos 10 minutos, enquanto era erguido bandeirão de Pelé atrás do gol sul-coreano, tentou um passe de letra que não saiu.

Aos 12, após deixar Raphinha cobrar falta que desviou na barreira, foi cobrar um escanteio. E ao se aproximar da torcida, provocou alvoroço.

Aos 16, nova força a Raphinha, pois o deixou em ótima condição, dentro da área, mas a finalização foi em cima do goleiro.

Quando levou um “rolinho” de um sul-coreano, na linha lateral, longe da área, um “uh” saiu das cadeiras. A força física não era mais a mesma, embora Neymar tivesse poucas obrigações defensivas, pois a meninada da frente “corria para ele”.

Nem o golaço de Paik Seung-Ho colocou fogo na partida e em Neymar, que naquele momento, 30 do segundo tempo, já fazia quase figuração.

Logo depois, Rodrygo foi chamado por Tite. Era a senha de que tinha chegado ao fim o retorno do camisa 10 da Seleção nesta Copa.

Eram 35 minutos e 15 segundos quando ele cumprimentou Rodrygo e deixou o gramado. Pouco antes, Alisson tinha dado lugar a Weverton, único jogador brasileiro que não tinha atuado neste Mundial.

A torcida atrás do gol coreano puxou um coro de: “Olé, olé, olé, Neymar, Neymar”, mas não pegou. O som mais alto era dos valentes sul-coreanos, que comemoraram como título o gol de Paik Seung-Ho, mas que foram mesmo apenas os adversários ideais para que o Brasil pudesse colocar para jogar seu camisa 10 que voltava de lesão.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro