Sem europeu no ciclo preparatório, Brasil joga contra dois em quatro dias na Copa do Catar

Grande reclamação de Tite foi não encarar mais seleções da Europa antes do Mundial

Tite vai em busca do maior título de sua carreira

Enviados especiais a Doha - Entre a eliminação da Copa de 2018 para a Bélgica em 6 de julho, em Kazan, e a estreia no Mundial 2022 contra a Sérvia, nesta quinta-feira (24), às 16h (de Brasília), no Lusail Stadium, a Seleção Brasileira fez apenas um jogo contra adversário europeu. E há quatro anos, pois o duelo foi em 26 de março de 2019 -- 3 a 1 na República Tcheca, que não veio ao Catar -- em amistoso disputado em Praga.

Apenas um dos 50 jogos do Brasil após a queda diante dos belgas foi contra europeus. Agora, num intervalo de apenas quatro dias, serão dois confrontos decisivos contra seleções do Velho Continente, pois na próxima segunda-feira (28), o time de Tite encara a Suíça, às 13h (de Brasília), no 974 Stadium, pela segunda rodada do Grupo G.

“O mundo ideal e o real... A gente lutou para fazer o jogo contra o vice-campeão europeu, a gente procurou enfrentar a Inglaterra, mas não foi possível. Buscamos todas alternativas, gostaria que fosse Inglaterra, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha... Não dá. No mundo real, não dá. Buscamos a melhor seleção ranqueada possível para fazer o enfrentamento”.

Este desabafo de Tite foi em 11 de maio, quando anunciou os convocados para enfrentar Coreia do Sul e Japão, em junho deste ano, na Ásia.

Dos exatos 50 jogos após a eliminação diante da Bélgica na Rússia, 35 foram contra seleções sul-americanas, em partidas pela Copa América (2019 e 2021) ou Eliminatórias. São cinco jogos contra asiáticos e outros cinco contra africanos, quatro contra equipes da América do Norte ou Central e apenas um diante de um adversário europeu, justamente o contra a República Tcheca.

E isso preocupa, pois o jejum de 20 anos sem a taça foi construído com fracassos em jogos decisivos contra seleções do Velho Continente.

Em 2006, na Alemanha, a eliminação nas quartas foi diante da França. Em 2010, o Brasil caiu na mesma fase na Copa da África do Sul, mas a adversária foi a Holanda.

Em casa, a Seleção levou 7 a 1 da Alemanha nas semifinais de 2014, e na decisão do terceiro lugar os holandeses aplicaram um 3 a 0 na equipe comandada por Luiz Felipe Scolari. A última carrasca europeia foi a Bélgica, que tirou o time de Tite do Mundial da Rússia nas quartas de final.

“É muito difícil. Hoje a gente projeta, fazemos projeções, acompanhamos seleções adversárias, projetamos situações. Sei também que as seleções europeias gostariam de enfrentar o Brasil, a Argentina. O que posso dizer é que eu gostaria de um calendário melhor para termos mais oportunidades de enfrentar europeus”.

Essa declaração de Tite foi em programa da TV Gazeta, em maio deste ano. O sorteio da Copa do Catar acabou por colocar dois europeus no caminho do Brasil em apenas quatro dias. E se dar bem nesses jogos é fundamental para que a Seleção avance às fases de mata-mata e possa acabar com o “trauma europeu”.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro
Mineiro de Formiga, Wellington Campos está na Rádio Itatiaia desde agosto de 1990, atuando como correspondente no Rio de Janeiro, cobrindo o dia-a-dia da CBF, Seleção Brasileira e STJD, além dos clubes cariocas e os esportes olímpicos. Participou das coberturas das Copas do Mundo de 1994 (EUA), 1998 (França), 2002 (Coréia do Sul e Japão), 2006 (Alemanha), 2010 (África do Sul) e 2014 (Brasil).

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