A busca pelo significado da palavra “
A produção dirigida por Quico Meirelles conta com um episódio assinado por Fernando Meirelles — indicado ao Oscar por Cidade de Deus — é baseada no livro homônimo do escritor e jornalista paraense Edyr Augusto, publicado em 2015 pela editora Boitempo.
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A expectativa do escritor é de que a produção da Netflix estimule a busca pela obra original. “Espero que haja um aumento significativo na procura do livro. Nos comentários, muita gente tem dito isso, e é muito boa essa sinergia entre literatura e audiovisual”, afirma.
“Quero que mais pessoas leiam não só Pssica, mas também meus outros livros e, sobretudo, que voltem sua atenção para a cultura do Pará. Temos muita gente talentosa para apresentar ao mundo”, acrescenta.
Afinal, o que significa “Pssica”?
“Pssica é uma maldição, é o desejo de que algo dê errado para outra pessoa. É uma zica, uma coisa que vai trazer azar. O cara vai cobrar um pênalti contra o seu time, e você fica ‘pssica’, ‘pssica’, ‘pssica’, torcendo para ele errar”, contou Edyr Augusto à reportagem da Itatiaia.
Segundo o escritor, a escolha do termo para batizar a obra segue a forma de reverenciar sua cidade. “Desde o meu primeiro livro, decidi colocar Belém como cenário e salpicar algumas palavras do nosso cotidiano, muitas delas vindas do Nheengatu, um ramo do Tupi-Guarani. Sempre fazia isso deixando claro o significado pelo contexto em que estavam inseridas”, disse.
Nas obras audiovisual e literária, a palavra aparece dita por um personagem que, preocupado, comenta: ‘'parece que jogaram uma ‘pssica’ em nós’”, relembrou. E que “pssica” é essa! A história, ambientada no Norte do país, entrelaça destinos marcados pela má sorte — e pela violência:
Preá (Lucas Galvino), que precisa assumir o papel de chefe de uma gangue; Mariangel (Marleyda Soto), movida pela vingança após perder a família; e principalmente Janalice (Domithila Catete), jovem vítima do tráfico humano, cuja trajetória escancara o drama da exploração sexual de meninas.
Quem é Edyr Augusto?
Edyr Augusto Proença é jornalista, escritor, dramaturgo e diretor de teatro. Trabalhou como radialista e redator publicitário e também produziu jingles. Suas narrativas estão todas ancoradas na realidade paraense.
Em 2013, com a publicação de “Os éguas”, o autor ganhou destaque na cena literária parisiense. O livro recebeu, em 2015, o prêmio Caméléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin Lyon 3. Desde então, seus romances vêm sendo traduzidos para o francês. Pela Boitempo, publicou “Eu já morri”, “Casa de caba”, “Um Sol para Cada Um”, “Selva Concreta”, “Pssica”, “Belhell”, “Os Éguas” e “Moscow”.