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O que é ‘Pssica’? Autor do livro que inspirou a série da Netflix explica

A reportagem da Itatiaia conversou com o escritor paraense Edyr Augusto sobre o significado de ‘Pssica’ e a repercussão da obra disponível na Netflix

Pssica, minissérie com quatro episódios, está desde o lançamento entre as mais vistas da Netflix Brasil

A busca pelo significado da palavra “ Pssica” disparou nas últimas semanas, impulsionada pelo lançamento da série homônima na Netflix. No Pará, “Pssica” é uma expressão popularmente conhecida, no entanto, nunca se ouviu falar no termo em algumas regiões do país.

A produção dirigida por Quico Meirelles conta com um episódio assinado por Fernando Meirelles — indicado ao Oscar por Cidade de Deus — é baseada no livro homônimo do escritor e jornalista paraense Edyr Augusto, publicado em 2015 pela editora Boitempo.

“O livro aborda um problema real que acontece no mundo todo, não somente aqui na Amazônia, não somente em Belém (PA)”, explica. “Colecionei notícias de jornais locais durante uns dois anos, porque queria escrever sobre isso. Então, houve uma inspiração concreta para escrever Pssica.”

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A expectativa do escritor é de que a produção da Netflix estimule a busca pela obra original. “Espero que haja um aumento significativo na procura do livro. Nos comentários, muita gente tem dito isso, e é muito boa essa sinergia entre literatura e audiovisual”, afirma.

“Quero que mais pessoas leiam não só Pssica, mas também meus outros livros e, sobretudo, que voltem sua atenção para a cultura do Pará. Temos muita gente talentosa para apresentar ao mundo”, acrescenta.

Afinal, o que significa “Pssica”?

“Pssica é uma maldição, é o desejo de que algo dê errado para outra pessoa. É uma zica, uma coisa que vai trazer azar. O cara vai cobrar um pênalti contra o seu time, e você fica ‘pssica’, ‘pssica’, ‘pssica’, torcendo para ele errar”, contou Edyr Augusto à reportagem da Itatiaia.

Segundo o escritor, a escolha do termo para batizar a obra segue a forma de reverenciar sua cidade. “Desde o meu primeiro livro, decidi colocar Belém como cenário e salpicar algumas palavras do nosso cotidiano, muitas delas vindas do Nheengatu, um ramo do Tupi-Guarani. Sempre fazia isso deixando claro o significado pelo contexto em que estavam inseridas”, disse.

Nas obras audiovisual e literária, a palavra aparece dita por um personagem que, preocupado, comenta: ‘'parece que jogaram uma ‘pssica’ em nós’”, relembrou. E que “pssica” é essa! A história, ambientada no Norte do país, entrelaça destinos marcados pela má sorte — e pela violência:

Preá (Lucas Galvino), que precisa assumir o papel de chefe de uma gangue; Mariangel (Marleyda Soto), movida pela vingança após perder a família; e principalmente Janalice (Domithila Catete), jovem vítima do tráfico humano, cuja trajetória escancara o drama da exploração sexual de meninas.

Quem é Edyr Augusto?

Edyr Augusto Proença é jornalista, escritor, dramaturgo e diretor de teatro. Trabalhou como radialista e redator publicitário e também produziu jingles. Suas narrativas estão todas ancoradas na realidade paraense.

Em 2013, com a publicação de “Os éguas”, o autor ganhou destaque na cena literária parisiense. O livro recebeu, em 2015, o prêmio Caméléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin Lyon 3. Desde então, seus romances vêm sendo traduzidos para o francês. Pela Boitempo, publicou “Eu já morri”, “Casa de caba”, “Um Sol para Cada Um”, “Selva Concreta”, “Pssica”, “Belhell”, “Os Éguas” e “Moscow”.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.