O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro reconheceu, nesta segunda-feira (16), que a música “Million Years Ago”, da cantora britânica Adele é um plágio do samba brasileiro “Mulheres”, composto por Toninho Geraes e conhecido na voz de Martinho da Vila.
A decisão judicial, expedida pela 6ª Vara Empresarial do Rio,
A medida ainda é preliminar, mas já representa uma primeira vitória do compositor.
‘Me senti invadido’, lamenta Geraes
A música “Mulheres” é considerada um marco na careira de Toninho Geraes. Gravada por Martinho da Vila em 2016, a canção rapidamente se tornou um sucesso nacional e um dos sambas mais conhecidos do país. Questionado sobre como se sentiu ao perceber que a música poderia ter sido plagiada por Adele, Toninho Geraes não esconde a frustação.
“A gente tem uma obra e vê uma similaridade tão grande na maior parte das melodias, arranjos... A gente se sente invadido”, lamenta.
O músico afirma que não queria que o caso se tornasse público e chegou a procurar a gravadora e equipe da cantora para fazer um acordo. No entanto, o outro lado não se demonstrou aberto a negociar.
‘A gente é tratado igual tupiniquim’, afirma o compositor
Toninho Geraes explica que seus advogados decidiram entrar com o processo apenas na Justiça brasileira. Isso por que eles acreditavam que o fato do compositor ser brasileiro iria fazer com que a decisão judicial favorecesse a cantora britânica.
“A gente é tratado como tupiniquim. O brasileiro não é respeitado lá fora como a gente imagina. Se tivéssemos entrado na Justiça americana ou britânica, não sei se a gente teria tido o mesmo resultado”.
Indenização de mais de R$ 1 milhão
Fredímio Trotta, advogado de Toninho Geraes, esclarece que a defesa do brasileiro começou a notificar a gravadora e a equipe da cantora em 2021. Mas o processo só foi aberto em fevereiro deste ano.
O compositor pediu uma indenização por danos morais de R$ 1 milhão. Além da quantia, a Justiça também terá que contabilizar os royalties, monetizações e outros lucros de Adele com a música “Million Years Ago”.No entanto, a indenização que o compositor poderá receber, só será calculada no fim do processo.
“As provas são muito robustas e a decisão está muitíssimo bem fundamentada. Terão muito trabalho, caso queiram recorrer”, garante Trotta.