O jovem Gabriel Borges Torres, de apenas 11 anos, conquistou o segundo lugar no Campeonato Mundial de Pokémon na categoria júnior (até 12 anos) no Trading Card Game (TCG). O garoto é o terceiro brasileiro da história a chegar em uma final da competição após 12 anos de espera. O campeonato aconteceu entre os dias 11 e 13 de agosto.
Gabriel sempre teve grande destaque e interesse no jogo de cartas da empresa, mas foi em setembro de 2022, quando decidiu voltar a competir após parar de jogar por conta da pandemia e encerramento dos campeonatos presenciais, que o garoto ganhou seu espaço.
O início
A ‘carreira’ de Gabriel teria início ainda em 2019, quando completou 7 anos e ganhou vários brinquedos repetidos em seu aniversário. Ele então foi em uma loja para trocar os presentes e escolheu as cartas. Segundo Raymundo Torres, pai do jovem, a escolha se deu mais pela beleza dos produtos, já que ele tinha algumas, mas não tinha o hábito de jogar.
Foi quando o namorado de sua cunhada decidiu ensinar o pequeno como jogar e o mostrou uma loja em São Caetano do Sul, há cerca de 13 km da capital paulista, onde ele poderia disputar com outras pessoas. Lá ele disputou sua primeira competição amistosa, onde aprendeu sobre como montar seu deck, quais cartas poderia usar e foi super bem acolhido.
“Como ele era bem novo eu precisava ter certeza de que ele realmente ia querer seguir. Passaram-se meses e ele continuou jogando, então decidimos incentivar e investir em um deck competitivo para ele”, lembra.
Em novembro daquele ano, Gabriel disputou seu primeiro campeonato oficial, o Latin América International Championship (LAIC), e mostrou que tinha ‘tino’ para o jogo.
“Ele ainda tinha 7 anos e começou perdendo as duas primeiras partidas. Até aí ok, era seu primeiro campeonato grande, mas depois ele venceu as próximas cinco partidas e alcançou o décimo lugar na competição”, explica o pai.
Por conta da pouca idade, os pais optaram por não levar Gabriel para competições distantes, apenas locais próximos para facilitar o custo e trajeto.
Paralisação pela pandemia
O jovem talento seguiu se destacando nas competições até fevereiro de 2020, época da pandemia da Covid-19. Por conta disso, as competições presenciais foram paralisadas e algumas até seguiram online, mas Gabriel não manteve o interesse e decidiu abandonar o game.
“Muitas pessoas decidiram continuar a competir online, mas ele não gostava, não tinha paciência e decidiu parar de jogar. Ele vendeu todas as cartas e decidiu esperar as competições presenciais voltarem”, comenta Raymundo.
Em julho do mesmo ano ele recebeu um convite para participar do mundial que aconteceria em Londres, na Inglaterra, por conta dos resultados das competições anteriores, incluindo ajuda de custo para a viagem. Mesmo com uma grande movimentação da comunidade para o retorno de Gabriel, ele decidiu não disputar o torneio.
Retorno às competições
Em setembro de 2022, com o retorno oficial das competições, Gabriel decidiu voltar ao game. Com um deck emprestado de um conhecido, o jovem participou de sua primeira competição. Ele disputou o LAIC e conquistou o quarto lugar, perdendo na semi-final.
“Ele ainda estava meio ‘travadinho’, mas lembrava perfeitamente de como jogar, não esqueceu nada.”
A partir daí, Gabriel teve apoio de um treinador e se preparou para o mundial no Japão.
Mundial e vice-campeonato
Gabriel estava entre os quatro melhores jogadores da América Latina e se classificou para disputar o mundial. Mesmo com os bons resultados em competições anteriores, a ideia de conquistar um bom resultado.
“Minha expectativa era que ele ficasse entre os 16 melhores, mas ele me dizia que ficaria entre os oito primeiros. Sair daqui com o troféu foi algo impensável”, conta.
“Quando ele foi avançando no campeonato a gente viu que ele tinha reais chances, parece que ele ‘ligou o turbo’. Ele está muito feliz e nós não conseguimos nem mensurar o que acabou de acontecer”, completa Raymundo.
Gabriel disputará seu próximo torneio em setembro, em Curitiba, e, de acordo com o pai, o objetivo para a próxima temporada é participar de todos os campeonatos oficiais.
“Como é o último ano dele na categoria, faz parte do nosso planejamento participar das principais competições, principalmente na América do Norte e Europa, que são as mais importantes. Ele tem prazer de jogar, ele não leva como algo sério, é o que ele gosta de fazer, ele se diverte”, afirma.
