Para muita gente, o posto de maior escritor vivo está vago. Morreu na terça-feira (13), aos 89 anos, o norte-americano Cormac McCarthy, autor de histórias violentas que arrastam leitores e que chegou às telas de Hollywood com filmes inesquecíveis.
Autor de “Meridiano de Sangue”, romance que traça um retrato violento do Oeste americano como lugar inóspito, imaginário e brutal, McCarthy escreveu “Onde os Velhos Não Tem Vez”, levado às telas pelos irmãos Coen (“Onde os Fracos Não Tem Vez”), ganhador do Oscar de melhor filme. Javier Bardem é um assassino de aluguel de poucas palavras difícil de esquecer. Outro livro de McCarthy que ganhou adaptação elogiada: “A Estrada”, com Viggo Mortensen. Em meio às ruínas de um planeta devastado, pai e filho vagam em farrapos em busca de algo - talvez esperança.
Murakami novo
Talvez o posto de maior escritor vivo seja dele: Haruki Murakami já deveria ter levado o Nobel de literatura há muito tempo. Aproveitando o público cativo do japonês no Brasil, a Alfaguara lança agora “Primeira Pessoa do Singular” coletânea que reúne oito histórias arrebatadoras de Murakami. Narrados em primeira pessoa, os contos trazem obsessões conhecidas como os Beatles, beisebol, memórias desconcertantes e um macaco que fala, no estilo misterioso, melancólico e direto do escritor japonês. (Editora Alfaguara, 168 páginas, R$ 59,90).
Para crianças
“Talvez você consiga” é um gesto de amor: uma garotinha planta uma semente no leito de um rio morto e provoca o aparecimento de um ecossistema repleto de cores. É do cuidado da criança com um ramo discreto que brota uma infinidade de plantas, bichos e alguma esperança. Autora: Imogen Foxell. Tradução: Leo Cunha. Ilustrações de Anna Cunha (Editora Pequena Zahar, 32 páginas, R$ 54,90).
Inconsequência
A argentina Lucrecia Zappi ambienta partes de seu novo livro, “Degelo”, em São Paulo. Um crime brutal une duas amigas na adolescência: elas colocam fogo em um indígena que dormia na rua, e o que era para ser uma noite inconsequente escala com a gravidade de um homicídio que redefine suas vidas. Elas cumprem pena, perdem contato, e anos depois uma tentativa de reaproximação vai chacoalhar as bolhas onde vivem.
Impossível não lembrar da história de Galdino, indígena morto por um estudante de classe alta enquanto dormia, em Brasília, em 1997. “Degelo” é costurado nos hábitos de uma elite acostumada a ultrapassar limites porque tem certeza do poder de se safar de responsabilidades (Editora Todavia, 256 páginas, R$ 64,50).
Branco e preto
De um dia para outro, pessoas brancas percebem a pele escurecer. Finalmente vão entender o que é preconceito? Será o fim da branquitude e o que ela representa? Mohsin Hamid traz, em “O Último Homem Branco”, uma trama que desestabiliza ideias consolidadas para tratar do racismo de cada dia. Eleito um dos destaques de 2022 pela The New Yorker e pela NPR, é o novo romance do paquistanês autor de “Como ficar podre de rico na Ásia emergente” e “O Fundamentalista Relutante” (Companhia das Letras, 136 páginas, R$ 69,90).