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Caso Marcius Melhem: TV Globo não consegue provar assédio sexual

Compliance da Globo não conseguiu provar que Marcius Melhem assediou mulheres na emissora

Marcius Melhem saiu da Globo em 2020 sob acusações de assédio sexual

Apesar de a TV Globo não comentar publicamente sobre o assunto, um documento aponta que os casos de assédio envolvendo Marcius Melhem não foram provados pelo Compliance da emissora. As informações foram disponibilizadas pelo canal ao Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) após a empresa ser acusada de permitir, supostamente, os casos de assédio no local de trabalho. As informações são da Veja, que teve acesso ao documento com cerca de 2,5 mil páginas.

O Ministério Público, além de colocar a emissora como ré, também exige que ela adote medidas preventivas contra assédio. Além de Melhem, são citados também o caso envolvendo o ator José Mayer e outra denúncia que não tem o nome da pessoa, porém, conforme a Veja, tudo indica que é da área de jornalismo, além do diretor de novelas Leonardo Nogueira.

O MPT pediu a retirada do sigilo do processo no último mês. A Veja teve acesso aos depoimentos de testemunhas, supostas vítimas de Melhem e Mayer (ambos não são investigados pelo órgão) e da defesa apresentada pela Globo em 12 de setembro de 2022.

Conforme a defesa, sobre o caso Melhem, a emissora realizou uma investigação detalhada, que foi conduzida pelo Compliance, mas concluiu que não foi “possível comprovar a prática deliberada de assédio sexual”. Porém, pontua que foi constatada a “inadequação do artista com seus subordinados”.

Melhem, inclusive, relatou ter se relacionado com mulheres do seu núcleo de trabalho, flertou e não foi correspondido com outras e teve relacionamentos extraconjugais. No entanto, nega ter assediado sexualmente qualquer mulher da emissora. Ele disse, publicamente, que foi vítima de um complô por conflitos profissionais e amorosos no ambiente de trabalho.

O MPT pediu histórico dos últimos cinco anos de casos registrados pelo Compliance da emissora, porém isso não foi apresentado. O órgão chegou a recorrer ao Ministério Público Federal (MPF), no entanto o pedido foi arquivado. O MPF alega que a Globo não “desobedeceu a autoridade”.

“Em resumo, após as apurações realizadas pela área de Compliance, restou constatada a inadequação do comportamento da artista com os seus subordinados, mas não foi possível comprovar de maneira irrefutável a prática deliberada de assédio sexual. Assim, a empresa investigada decidiu pela imediata do cargo de gestão ocupada por MARCIUS MELHEM”, diz o documento obtido pela Veja.

Além disso, de acordo com peças da ação do MPT, depoimentos das supostas vítimas e de testemunhas de acusação apresentam contradições - se comparados com os relatos fornecidos à Justiça Cível, Delegacia da Mulher e na imprensa.

Vale lembrar que a Globo não comenta casos analisados pelo seu departamento de Compliance. Nas redes sociais, Melhem escreveu: “Não se pode provar o que nunca existiu. A verdade sempre chega”. Em março, Dani Calabresa e outras atrizes falaram pela primeira vez sobre o caso. Relembre aqui.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.