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Mulheres que denunciaram Marcius Melhem por assédio falam pela primeira vez sobre o caso

Dani Calabresa disse que Melhem aproveitava o ambiente de trabalho ‘informal’ para assediar as atrizes

Dani Calabresa foi a primeira atriz a procurar o Compliance da Globo para denunciar Melhem

“As vítimas estão sendo obrigadas a virem expor o rosto e o nome”, a declaração é da humorista Dani Calabresa enquanto está acompanhada de outras mulheres que denunciaram o diretor e roteirista Marcius Melhem, ex-Globo, por assédio. A entrevista foi publicada nesta sexta-feira (24) pelo Metrópoles.

Algumas delas, nunca comentaram publicamente sobre o crime, e tomaram coragem de denunciá-lo após a humorista procurar o Compliance da emissora, em uma reunião que teria durado cerca de 4 horas e meia.

Ao todo, quatro denunciantes e sete testemunhas falaram sobre o caso: as atrizes Dani Calabresa, Renata Ricci, Georgiana Góes, Verônica Debom e Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, além dos atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch.

De acordo com Dani Calabresa e outras vítimas, Melhem gostava de mantê-las sob controle, impedindo que elas fizessem novelas ou tivessem outros programas na emissora. “Ele manipulava tudo pra gente acreditar que ele estava cuidando da gente”, disse. Em um dos relatos, elas explicam que o diretor tinha o costume de encostar o pênis ereto em atrizes e tentar forçar a língua em beijos técnicos.

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A atriz Georgiana Goes, por exemplo, explica que demorou a entender que o “constrangimento” que sentia “não era normal”. “Os momentos que ele pedia carona para voltar e que a gente comentava entre as meninas: ‘será que você vai comigo?’. Pra não ficar sozinha. As piadas que ocorriam no meio do caminho quando a gente estava voltando para casa. Algum momento que tinha elogio da ‘coisa’ do corpo”, revelou ao Metrópoles.

Após a exposição de mensagens, Dani definiu a atitude como “estratégia para descredibilizar as vítimas” e “tentar manipular a narrativa de que são todas loucas”. Ela acrescenta: “E olha quantas loucas. Esse grupo não tá completo”. Conforme a humorista, as mensagens foram tiradas de contexto na tentativa de gerar confusão.

“Ele afasta pessoas, cala vítimas e cala testemunhas [...] As vítimas estão sendo obrigadas a virem expor o rosto e o nome. Nenhuma vítima tem que passar por isso. A gente já teve a nossa denúncia acatada. A nossa denúncia foi dentro da empresa. A nossa denúncia não foi feita com a imprensa. A gente foi na empresa com fatos, fotos, relatos, com prints, com testemunhas. Eu fiquei 4 horas e meia com a pessoa do Compliance. Eu entreguei meu celular para eles”, afirmou Dani.

Ela completa: “Ele violou o código de ética. A gente tem um documento formalizado [...] A gente sofreu na mão de uma pessoa que se aproveitava de um ambiente informal para assediar”.

Verônica Debom refletiu: “Se você não quer acreditar na Dani, acredita em outras mulheres, se não quiser acreditar nas mulheres, acredite nos homens que estão dando depoimento. Se não quiser acreditar em ninguém, acredite em um documento da Globo que ele foi demitido por violar o código de ética da empresa. Acredita na investigação interna que a TV Globo fez”. Melhem foi afastado da emissora em agosto de 2020.

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