Ouvindo...

Rita Lee doou roupas para moradores de rua, revela padre Júlio Lancelotti

De acordo com o religioso, a cantora preferia realizar o gesto de generosidade no anonimato; missa foi encerrada com música de 1970

No último domingo

Roupas de plástico futuristas, como se eles tivessem vindo de outro planeta. Em 1968, Os Mutantes subiram ao palco do III Festival Internacional da Canção ao lado de Caetano Veloso, igualmente esbanjando exotismo, para apresentar ao público “É Proibido Proibir”, recebida com vaias e respondida com um discurso iracundo do irmão de Maria Bethânia.

Foi uma das duas únicas vezes que Regina Boni (mãe do executivo Boninho) desenhou um figurino para Rita Lee. Daí pra frente, ela se habituou a toda vez que criava “um figurino maravilhoso para Rita, receber de volta um mais maravilhoso ainda”.

Esse era um dos inúmeros talentos da eterna rebelde mística da música brasileira. A imagem de Rita, por si só, trazia uma exuberância que se coadunava com a descompromissada alegria da música.

Outro talento, mais secreto, era a generosidade. No último domingo (14), o padre Júlio Lancelotti, conhecido por seu engajamento social, revelou que a cantora doou diversas roupas para moradores de rua, no anonimato que a interessava.

“Quando eles viam as roupas da Rita Lee, os olhos cresciam”, declarou o religioso. A missa em que o padre contou o caso foi encerrada ao som de “José”, música gravada por Rita nos anos 1970, em um voo solo da época e que, inclusive, gerou desentendimento com os companheiros de Mutantes, insatisfeitos com o caminho pop e leve que a cantora tomava, enquanto eles investiam em um psicodelismo cada vez mais virtuoso e carrancudo.