A paranaense Amanda Meirelles, de 31 anos, é a grande vencedora do Big Brother Brasil (BBB 23), levando pra casa um prêmio no valor de cerca de R$ 4 milhões, se somados com os três carros zero Km que ganhou da Chevrolet.
Uma mulher comum, desengonçada para dançar e com uma dicção que dificulta um pouco o entendimento de sua fala. Porque Amanda caiu no gosto do público?
Talvez exatamente por todas as razões citadas acima. Despretensiosa, coadjuvante, “planta” (para muitos) Amanda foi “comendo pelas beiradas”, sutilmente conquistando os espectadores, “jogando como se não quisesse jogar”, sendo equilibrada, forte quando precisava ser, parceira e amiga de todos (principalmente do lutador Antônio Cara de Sapato, que acabou expulso sob a acusação de assédio contra Dania Mendez, a participante mexicana que visitou a casa).
Sua relação com Cara de Sapato, aliás, merece um adendo. Ele foi peça mais que fundamental para que Amanda caísse nas graças de uma parcela considerável do público porque muita gente começou a torcer para que os dois se tornassem um casal. Compreensível, afinal, eles eram “fofos” juntos, sempre se ajudando, se apoiando e protegendo um ao outro sem que nada indicasse interesse sexual.
Tão logo essa conexão especial dos dois ficou evidente, páginas de fã-clubes do “casal” surgiram nas redes sociais, recheadas de vídeos compilando momentos dos dois com algum love song de trilha sonora. Eles inspiraram a hashtag ‘Docshoes’, uma referência à profissão de Amanda, que é médica — doctor, em inglês —, e ao apelido do brother, Cara de Sapato — shoes. Isso, claro, beneficiou tanto Amanda quanto Sapato, pois, na ânsia de ver os melhores amigos se tornarem um casal, os fãs garantiram que eles fossem sobrevivendo aos paredões que disputavam.
É preciso dizer que Amanda protagonizou alguns ótimos momentos no BBB 23. A exemplo de quando acalmava Cara de Sapato durante as crises de ansiedade dele e também proporcionou alívios cômicos como, por exemplo, quando dançava nas festas sem se preocupar nenhum pouco com a coordenação dos movimentos, divertindo ‘horrores’ o público.
A campeã do BBB 23, certamente não é uma unanimidade como Juliette mas, assim como a vencedora do BBB 21, ela também é um fenômeno. O Big Brother Brasil parece ser um jogo da autenticidade e das características não muito alardeadas, mas que escondem alguma ternura e residem no campo das sutilezas. O público “lê” nas entrelinhas, observa o que não foi apenas dito, mas revelado por meio de um gesto, um silêncio, um olhar.
É uma regra de todas as edições? Não. Mas dessa parece ter sido, pois todos os que gritaram muito, “palestraram” demais ou escolheram a autopromoção como estratégia, ficaram pelo caminho.
Segunda médica
Essa é a segunda vez que uma médica vence o BBB. A primeira foi em 2020, com a anestesiologista Thelma Assis, a “Thelminha”, que conquistou o público durante o programa pelo seu carisma e posições firmes que tomou em momentos-chave do jogo. A conquista da médica foi comemorada por artistas e famosos que fizeram campanha para ela na disputa final contra as amigas Rafa Kalimann e Manu Gavassi. A vitória de Thelma foi vista como um exemplo de representatividade para mulheres negras.
Especialista em atuar em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Amanda tem 31 anos, nasceu na cidade de Astorga, no Norte paranaense, mas, atualmente, mora em Campo Largo, no mesmo estado. Filha de militar, teve uma infância e adolescência marcada por diversas mudanças de cidade. Os pais se esforçaram para que ela pudesse cursar Medicina, sonho que surgiu após eles se tornarem vizinhos de um Pronto Socorro e ela observar, atentamente, a rotina do hospital. Amanda é a primeira pessoa da família com curso superior.