Uma vizinha da cantora
“Eu estou muito preocupada com o que anda acontecendo. É algo sério demais”, começou. Moradora do mesmo bairro que a família de Sabrina, na região Central do Rio de Janeiro, ela conta que conheceu a cantora na adolescência, quando elas tinham entre 14 e 15 anos.
“Eu conheço a Sabrina desde criança, somos amigas de infância. Nos conhecemos no curso que fazíamos juntas, desde então, viramos amigas e morávamos no mesmo bairro. Fazíamos diversas coisas juntas, desde esportes até passeios. A Sabrina andava na minha casa”, disse.
E foi através desta aproximação que elas se tornaram “muito amigas” e a cantora se sentiu a vontade para contar detalhes da sua intimidade. “A Sabrina aos poucos foi desabafando comigo coisas que ela vivia dentro daquela ‘família’. E por ser apenas uma ‘menina’, não tinha forças e nem coragem suficiente para denunciar o que sofria ali dentro daquela casa”.
Entre idas na casa dela, a fonte diz que, em uma delas, Sabrina lhe mostrou buracos em dois cômodos da casa. Um no quarto dela e outro no banheiro. “Era exatamente onde ela se trocava. Ela me mostrou também outros no banheiro. Conversamos muito a respeito disso, mas ela sempre me pedindo segredo e mostrando que tinha muito medo”.
“Desde então, eu sempre incentivava ela a denunciar, pois apesar de sermos muito novas, eu já tinha total noção que aquilo era algo absurdo, só que ela sempre teve muito medo. Ela dizia que ali na casa dela, ela não tinha voz, ninguém ligava pra ela, tampouco a mãe”, acrescenta.
O objetivo de contar à reportagem, segundo ela, é unicamente tentar “salvar” Sabrina da própria família. “Na verdade, pra mim é uma quadrilha”, disparou.
“A Sabrina muitas das vezes preferia ficar na rua, saíamos do curso e íamos pra minha casa, depois íamos jogar futebol. Eu via ela fazer de tudo pra não passar muito tempo naquela casa. Aos poucos, fui entendendo o drama que ela vivia ali. Ela sempre disse que a mãe e o padrasto a tratavam muito mal”, recordou.
Dentre os relatos, ela traz à tona um que ainda não foi revelado:
Certa vez, Sabrina apareceu na minha casa desesperada, chorando muito, me pedindo pra deixar ela ficar ali. Isso foi no fim do dia, já estava escurecendo. Me mostrou algumas marcas no corpo, quase não conseguia falar de tanto que chorava e me abraçava. Eu tentei acalmá-la e ela me contou que foi obrigada a entrar em luta corporal com o padrasto, pois ele tentou arrancar a roupa dela e estuprá-la
Ela conta que ficou desesperada e que pensou em denunciá-lo, porém Sabrina implorou para que ela não contasse para ninguém. “Ele ameaçou ela”, recorda. Na ocasião, ela aconselhou que Sabrina contasse para sua mãe. “Ela me explicou que a mãe não acreditava em nada que ela falava, que algumas vezes ele já a tinha assediado. Ela dizia que a filha tinha ‘inveja’ dela e do relacionamento dela”.
Ela declara:
A minha intenção aqui é só mostrar a proporção da gravidade do que a Sabrina pode estar sofrendo nesse momento nas mãos dessa ‘família’. Por estar fora de si, nas mãos de pessoas que, apesar de serem da família, nunca fizeram bem a ela. Nunca se importaram com nada
A vizinha diz estar preocupada com as condições que a cantora se encontra e relatou que a mãe dela, inclusive, declarou ser divorciada do ex-padrasto da filha.
“Acredito que podem estar acontecendo muitas coisas ruins com a Sabrina. A polícia precisa fuçar essa família. Até mesmo o apartamento”, finaliza.
Sobre a denúncia informal de tentativa de estupro, a reportagem da Itatiaia procurou a Polícia Civil e, assim que respondida, esta matéria será atualizada. O espaço segue aberto caso a família da cantora deseje se manifestar.
Investigações
Em um vídeo postado em junho do ano passado pelo artista que, inclusive, foi repercutido pela ex-BBB, ele afirma que Sabrina estaria sendo dopada e impedida de sair de casa pelo padrasto - a quem ele alega ter o ameaçado de morte por tornar a história pública.
À Itatiaia, a Polícia Civil do Rio explicou que uma investigação sobre a denúncia de cárcere privado foi aberta. No entanto, posteriormente, o caso foi encaminhado e arquivado pelo Ministério Público.
No entanto, à época, policiais não constataram que a artista estaria sendo mantida em cárcere privado e que a escolha de se isolar teria sido dela. Sobre as falas desconexas, foi alegado que ela estaria enfrentando, supostamente, “problemas psiquiátricos”.
O Ministério Público, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Centro e Zona Portuária do Núcleo Rio de Janeiro, se pronunciou na manhã desta terça-feira (18), através do Promotor de Justiça designado, Sauvei Lai, sobre a
De acordo com o órgão, em nota enviada à Itatiaia, a denúncia foi arquivada “por falta de provas seguras da materialidade de eventual infração penal”. A vítima, envolvidos e testemunhas foram ouvidos e, posteriormente, o “inquérito concluiu que os supostos autores do fato não possuíam dolo específico em privar a liberdade da vítima, que tinha frequentes crises psicóticas, comprovadas por atestado médico”.
“Ademais, ficou demonstrado, ao longo da investigação, que na residência da vítima não havia nenhum cômodo com tranca ou qualquer tipo de objeto que impedisse a livre circulação dos moradores, inclusive de Sabrina”, conclui o órgão.