O cantor e compositor cubano Pablo Milanés será homenageado na próxima quarta-feira (23) em um velório aberto ao público na Casa América de Madri, onde ele faleceu na madrugada desta terça-feira (22), aos 79 anos.
“O velório será realizado, a pedido de sua família, na sala Cervantes da Casa da América nesta quarta-feira, 23 de novembro, das 10h30 às 15h30", anunciou a instituição cultural, cuja sede está localizada no Palácio de Linares, na praça madrilenha de Cibeles.
Não foi revelado qual será o destino do descanso final do compositor de “Yolanda”, “De que callada manera” e “Breve espacio”, que morava em Madri desde 2017.
Milanés passou por um transplante de rim e sofria há vários anos de uma “doença onco-hematológica” que o obrigou a mudar para Madri no final de 2017 “para receber tratamento inexistente em seu país”, segundo um comunicado de sua equipe.
Assim que sua morte foi anunciada, começaram as homenagens.
Voz de uma geração
Apesar do afastamento desde a década de 1980, Silvio Rodríguez publicou na segunda-feira à noite em seu blog, Segunda Cita, a letra de “Pablo”, uma canção dedicada a seu parceiro musical no início da Nova Trova Cubana.
A cantora peruana Tania Libertad, residente no México, também comentou a notícia no Twitter: “Partiu um grande compositor, cantor maravilhoso e amigo extraordinário”.
“Vamos sentir sua falta, querido Pablo. Boa viagem”, acrescentou na mensagem, acompanhada de um vídeo no qual canta a música “El Primer Amor” em dueto com Milanés.
Nascido em 24 de fevereiro de 1943 em Bayamo (leste), Pablo Milanés abraçou a revolução cubana no início, mas depois se distanciou do regime e expressou críticas ao governo de seu país.
Porém, nunca rompeu a relação que o unia a seu povo por meio de sua música.
Foi um dos principais cantores para jovens esquerdistas latino-americanos e espanhóis na década de 1970, e músicas como “Yo Pisare Las Calles Nuevamente”, dedicada ao Chile após o golpe de Estado contra Salvador Allende, tornaram-se hinos geracionais.
“Desaparece fisicamente um de nossos maiores músicos. Voz inseparável da trilha sonora de nossa geração. Minhas condolências à sua viúva e filhos, a #Cuba”, escreveu no Twitter o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, que recebeu a notícia durante uma viagem à Rússia.
Último show em Havana
Os problemas de saúde obrigaram o músico cubano a cancelar shows nas últimas semanas na Espanha e na República Dominicana. Em junho, ele fez sua última visita a Havana, após três anos de ausência.
Na ocasião, fez uma apresentação emotiva na capital do país.
Apesar de o evento ter provocado polêmica devido à intenção inicial oficial de distribuir parte dos ingressos entre organismos governamentais, finalmente a música de Pablito, como é conhecido em seu país, foi ouvida por quase 10.000 cubanos.
“Sempre disse que é meu melhor público. O público das turnês que fiz e que pude comprovar a atenção e respeito, mas vocês se superaram”, declarou a milhares de pessoas que o receberam com as lanternas dos telefones celulares, em uma noite que muitos consideraram uma despedida.