Ouvindo...

Riachão viveu quase cem anos e foi gravado por Cássia Eller, Gil e Caetano

Cantor e compositor baiano morreu em 2020, às vésperas de completar um século de vida, e criou estilo único no samba

Riachão é autor de clássicos do samba como ‘Vá Morar com o Diabo!’ e ‘Cada Macaco no Seu Galho’, e foi gravado por Jackson do Pandeiro

Fundado em 1904, o América do Rio é um dos mais tradicionais clubes do país. Composto por Lamartine Babo, o hino da agremiação é, até hoje, considerado um dos mais bonitos do futebol brasileiro, e ganhou uma versão arrebatadora de Tim Maia.

Entre seus torcedores ilustres, estão nomes como Heitor Villa-Lobos, Dona Ivone Lara, Gilberto Braga, Romário e José Trajano. Pela cor avermelhada, em chamas, de sua camisa, o diabo foi adotado como mascote em 1947. A figura temida surge na música “Vá Morar com o Diabo!”, do sambista baiano Riachão.

Não poderia o samba, ritmo mais tradicional do Brasil, ficar fora desta panelada. Ainda mais tendo Riachão, Caetano Veloso e Cássia Eller nesta conversa. A música “Vá Morar com o Diabo!” foi lançada para o sul maravilha no ano 2000, pelo baiano Caetano Veloso, mas certamente já era cantada e abusava de sucesso popular na boa terra de Riachão.

Quando, em 2001, Cássia Eller a registrou em seu “Acústico MTV”, a explosão se deu por completo. Não podemos assentir se é com toda razão que a personagem reclama das manhas, mimos e folgas daquela mulher. Mas uma coisa é certa, “se a panela tá suja/ela não quer lavar/quer comer engordurado/não quer cozinhar/(…)/quer agora um Cadillac para passear…”. Isso não está certo. Ou está?

Fato é que Riachão lançou poucos discos ao longo de sua carreira, embora tenha colecionados sucessos populares. Uma dessas raridades foi ao lado dos conterrâneos Panela e Batatinha, intitulado “Samba da Bahia”, em 1975. Já quando Caetano e Gil voltaram do exílio, eles escolheram o samba de roda “Cada Macaco no Seu Galho” para anunciar e espalhar a sua chegada, outro clássico incontornável da discografia de Riachão, que viveu quase cem anos...