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Do pioneirismo à tragédia: conheça o Monumental David Arellano, em Santiago

Palco de Colo-Colo x América, pela Sul-Americana foi batizado em homenagem ao maior ídolo da história do Cacique

Estádio Monumental David Arellano, em Santiago, é a casa do Colo-Colo há décadas

Uma história de pioneirismo, afetada por tragédias e que hoje se sustenta na emoção dos apaixonados torcedores. O Estádio Monumental David Arellano, mais conhecido como Monumental de Colo-Colo, é um marco do futebol chileno e dono de mais uma história mágica no futebol sul-americano.

Nesta terça-feira (11), o local será palco de Colo-Colo x América, no primeiro jogo dos playoffs da Copa Sul-Americana. Além das emoções na busca pela sequência na competição continental, a casa do Cacique, como é conhecido o time de Santiago, também se mistura com a história do próprio clube. Tudo isso graças ao homem que hoje dá nome ao Monumental: David Arellano.

Pioneiro com um fim trágico

Nascido na capital chilena em 1902, David Arellano foi um jogador de futebol que revolucionou o cenário do país no começo do século XX. Ele começou a carreira em 1918 pelo Magallanes, tradicional clube chileno que defendeu até 1925.

Por desentendimentos internos, um grupo de atletas que incluída Arellano abandonou o Magallanes para fundar um novo clube: o Colo-Colo. O nome do clube homenageia um cacique mapuche, símbolo da resistência à colonização espanhola.

Dois anos depois, o clube foi escolhido pela federação local para representar o país em uma excursão pela Europa. Em uma dessas partidas, diante do Real Valladolid, da Espanha, Arellano sofreu um choque contra um adversário que resultou em uma peritonite - inflamação do peritônio, o revestimento da parede interior do abdómen e dos órgãos abdominais. No dia seguinte, foi constatada a sua morte.

Fundador, capitão e primeiro ídolo, Arellano deixou ainda um legado que não será apagado. Pouco depois da morte dele, o Colo-Colo passou a usar uma tarja preta acima do escudo na camisa, símbolo que persiste até os dias de hoje.

Um estádio para a lenda

Em meados da década de 1950, a história do Colo-Colo passou a se unir ainda mais com a de David Arellano, quando o clube decidiu construir um estádio próprio e nomeá-lo em homenagem ao ídolo histórico. O objetivo era concluir as obras para a Copa do Mundo de 1962, entretanto, Santiago foi atingida por um terremoto dois anos antes, o que atrasou a entrega e adiou o sonho.

O Estádio Monumental David Arellano foi inaugurado “pela primeira vez” em abril de 1975, mas foi abandonado pelo Colo-Colo pela falta de estrutura. Em setembro de 1989, o local foi reaberto na vitória do Cacique por 2 a 1 sobre o Peñarol-URU. Em 1991, foi inaugurado ainda um sistema de iluminação, no mesmo ano em que a equipe se sagrou campeã da Libertadores pela única vez até então.

Com capacidade para pouco mais de 47 mil torcedores, o Monumental tem como um dos destaques o gramado, que fica abaixo do nível da rua e cria sensação de “caldeirão” nas partidas. O mais emblemático jogo ali, sem dúvidas, foi a conquista da América em 1991. Na final, o Cacique enfrentou o Olimpia-PAR, e após empate por 0 a 0 no Paraguai, goleou por 3 a 0 no Monumental para levantar o primeiro e único troféu de Libertadores na sua história.

Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.