Deputados estaduais de Minas Gerais denunciam uma série de ameaças exigindo assinaturas pela instauração da CPI da Minas Arena, que quer investigar contratos celebrados entre a empresa e o Governo do Estado para a administração do Mineirão. Pelas redes sociais, parlamentares vêm recebendo mensagens de ódio e até mesmo ameaças de morte.
“Se não assinar essa p**, a gente vai matar você seu filho da P***. Abre o olho, comédia”, escreveu um perfil em mensagem direcionada e um dos parlamentares. Outro internauta seguiu com as ameaças, perguntando se o deputado “ficaria de palhaçada”. “As consequências ‘é você’ que escolhe”, finalizou.
Até a noite dessa quinta-feira (30), 24 assinaturas tinham sido colhidas a favor da instalação da CPI. Segundo a legislação, ao menos 26 assinaturas são necessárias – o que corresponde a um terço do número total de parlamentares na Casa.
O deputado Alencar da Silveira Junior (PDT), presidente do América e um dos primeiros nomes a assinar o documento, saiu em defesa dos colegas. Ele destaca nunca ter visto comportamento desse tipo em mais de 30 anos na vida pública.
“Não podemos aceitar isso de forma nenhuma, e falo como dirigente (presidente do América), como deputado estadual e como cidadão. Há três meses, falávamos sobre o que estava acontecendo na Minas Arena, há anos já vimos pedido de CPI que não foi para frente. Agora, ameaçar deputados por assinaturas, ameaçando familiares de morte, com certeza o torcedor do América, Cruzeiro e Atlético não está acostumado e não quer saber disso. Alguns marginais que estão fazendo isso vão ter que responder na Justiça”, afirmou o deputado.
Alencar afirmou que a Divisão Especializada de Investigação aos Crimes Cibernéticos será acionada para apurar as mensagens. As Polícias Civil e Militar também farão a investigação do caso.
“Não se faz democracia dessa maneira, isso atrapalha até mesmo a conduta e o desenrolar de uma CPI dessa natureza. Nós estamos na Casa para fiscalizar e apurar, mas dessa maneira fica ruim para todo o seguimento. Essa minoria dos torcedores não pode levar para esse lado, independente do time que está torcendo”, completou.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e o Ministério Público e aguarda posicionamento sobre o caso.
O que é a CPI da Minas Arena?
Parlamentares mineiros pedem a reabertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato entre a empresa que administra o Mineirão e o Governo de Minas Gerais. Eles ainda pedem a criação de uma comissão para, “no prazo de 120 dias, apurar eventual dano ao erário pelo estipulado e pela execução do contrato de parceria público-privada (PPP) firmado entre o Estado e a empresa Minas Arena”.
Um dos pontos citados diz respeito, ainda, à cláusula do contrato que “traz elevadas contraprestações para o Estado e lucro constante para a parceira, independente da busca por soluções alternativas para gerar renda”.
A análise do contrato entre Minas Arena e Governo de Minas foi pedida por deputados em três oportunidades nos últimos anos. Em 2015 e 2017, houve tentativas de instalação da CPI, mas sem sucesso por falta de assinaturas. Em 2019, a comissão chegou a ser aberta, mas não progrediu por falta de acordo com o executivo estadual.