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Coração retirado de Faustão pode ser sepultado ou ir para faculdade, explicam médicos

Apresentador de 73 anos recebeu coração de doador nesta semana em São Paulo

Coração de Faustão pode ser doado para faculdade, ser sepultado ou incinerado

Nesta semana, o apresentador Fausto Silva passou por uma cirurgia de transplante de coração. Na pressa para encontrar um órgão compatível e em meio a dúvidas sobre os riscos do procedimento e o funcionamento da fila do Sistema Único de Saúde (SUS), pouca gente sabe para onde pode ir o órgão retirado.

De acordo com especialistas, há três destinos possíveis para o coração de Faustão. E, apesar do órgão ter perdido sua função, ele ainda pode ser importante para a ciência. No caso do apresentador, o coração poderá ser incinerado, sepultado e, até mesmo, enviado para faculdades de medicina para estudo.

O que define o destino do órgão retirado?

Segundo o nefrologista e coordenador de transplantes de órgãos do Hospital da Baleia, Fabrício Marques, o que define onde o órgão será descartado é o tipo de contrato que a unidade de saúde que realizou o transplante tem com empresas de resíduos hospitalares. Mas, de acordo com o especialista, o órgão não pode ser descartado no lixo hospitalar comum.

“Existe um convênio com uma empresa de destino de material hospitalar. Esse material é sepultado em um cemitério ou incinerado, de acordo com o contrato que o hospital tem com a empresa. Em geral, a família não fica sabendo para onde o órgão vai”, explica.

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Paciente pode requisitar o órgão

Após o transplante, o órgão vai para um laboratório de anatomia patológica e passa por biópsia. O material recolhido para análise é armazenado pelo laboratório e o restante, descartado.

Mas, antes de ser encaminhado para o destino final, o paciente pode requisitar o órgão. “A família ou próprio paciente podem requisitar o órgão em até três meses após o transplante. Se ninguém aparecer, esse material fica sob responsabilidade do laboratório de anatomia patológica. A partir daí, o hospital enviará o órgão para ser sepultado, incinerado ou doado”, esclarece o médico.

Órgão passa por biópsia

O cirurgião Omar Lopes, diretor do MG transplantes, explica por que o órgão retirado do doente precisa ser analisado. “No caso do coração, fígado, córnea e intestino, por exemplo, o órgão é enviado para biópsia. A partir dela é possível confirmar a doença que o paciente tinha e verificar se existem outros problemas de saúde que ainda precisam ser tratados após o transplante”, diz.

De acordo com o nefrologista Fabrício Marques, a biópsia é feita por uma equipe de patologistas. “Todo órgão retirado do corpo vai para um serviço de anatomia patológica. Então, é feita a análise macroscópica e microscópica dessa peça. No caso das peças grandes, como um coração ou um membro, depois da análise elas são descartadas”, compara.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.