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Três rins? Dois pâncreas? Médico explica dinâmica de transplantes de órgãos

Diretor do MG Transplantes explica que nem sempre o órgão doente precisa ser retirado do paciente

Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos

O transplante de órgãos é um procedimento vital para salvar a vida de pacientes . Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), somente em 2022, foram realizados 26 mil procedimentos no Brasil. Mas, o que muita gente não sabe é que nem sempre o órgão doente precisa ser retirado do paciente. Ao invés do órgão “antigo” ser trocado por um saudável, o paciente pode receber um órgão extra, como é o caso dos rins e pâncreas.

O cirurgião e diretor do MG transplantes, Omar Lopes, explica o motivo dessa prática. “Para evitar uma cirurgia complexa, que coloca o paciente em risco, normalmente esses órgãos sem funcionalidade são deixados no mesmo lugar. Um novo é implantado normalmente na região da virilha”, explica.

De acordo com o médico, a prática visa proteger o paciente. “A cirurgia de pâncreas, por exemplo, é uma das mais complexas da medicina. Não precisamos fazer um procedimento tão invasivo para realizar o transplante. Mesmo que o pâncreas não esteja funcionando, o órgão não apodrece dentro do corpo do paciente, por isso não tem problema deixar lá", diz.

Usuários compartilharam curiosidade nas redes sociais

Inúmeros relatos sobre pacientes com três rins pipocaram nas redes sociais nos últimos dias. A curiosidade ganhou força após o apresentador Fausto Silva passar por um transplante de coração nesse domingo (27).

Maioria dos órgãos doentes precisam ser retirados no transplante

Na maioria dos transplantes, os órgãos doentes são retirados e um novo é colocado no lugar. “No caso do coração, fígado, córnea e intestino, por exemplo, o órgão é retirado. Após a cirurgia, ele é enviado para biópsia para que seja analisado. A partir dela é possível confirmar a doença que o paciente tinha e verificar se há outros problemas de saúde que ainda precisam ser tratados após o transplante”, disse o diretor do MG transplantes.

O médico ainda explica que no caso de órgãos duplos, como os rins, ou em que apenas uma parte do órgão é retirada sem prejuízo para a saúde dos envolvidos, como pulmão e fígado, a doação pode ser feita em vida. Para que a cirurgia aconteça, o doador deve estar em boas condições de saúde e concordar com o procedimento.

*Sob supervisão de Lucas Borges

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.