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Inteligência artificial recria voz de John Lennon para última canção dos Beatles

Música inédita será lançada ainda neste mês

Beatles se ‘reunirá' por meio da tecnologia para canção inédita

Mais de 50 anos após a separação do quarteto mais famoso do rock, os Beatles lançarão uma canção inédita em 2023, graças à Inteligência Artificial (IA), que ajudou a recriar a voz de John Lennon, anunciou Paul McCartney.

No momento em que a IA provoca temores e ansiedade na indústria musical, o músico, que completará 81 anos em 18 de junho, explicou em uma entrevista à BBC que a voz de Lennon foi extraída de uma antiga fita cassete.

“Fizemos o que será a última gravação dos Beatles, era uma demo de John, na qual trabalhamos”, disse Paul McCartney.

“Acabamos de finalizá-la”, afirmou, antes de anunciar que a faixa será lançada até o fim do ano.

“Nós conseguimos captar a voz de John e torná-la pura por meio da IA. Então nós conseguimos mixar a gravação, como você faria normalmente. Isso dá algum tipo de margem de manobra”, acrescentou.

Em abril de 1970, seis meses depois do lançamento do álbum “Abbey Road” e um mês antes antes do lançamento de “Let it Be”, os Beatles anunciaram a separação do grupo.

Durante os 10 anos de carreira, os Beatles, formados por Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr lançaram 14 álbuns de grande sucesso.

Apesar da morte de Lennon em 1980 e de Harrison em 2001, a “Beatlemania” continua muito forte em todo o mundo, e as possibilidades oferecidas pela IA já motivaram diversas tentativas dos fãs de reuni-los, ou de alterar os trabalhos mais recentes de McCartney com sua voz quando era jovem.

Fenômeno “muito interessante”

Ao ser questionado sobre tais iniciativas, McCartney revelou a preparação da nova canção, que não teve o nome divulgado.

De acordo com a BBC, a música “provavelmente” é uma composição de Lennon de 1978, com o título “Now and Then”, que quase entrou em uma compilação de 1995.

A faixa estava em uma fita cassete com o título “Para Paul”, gravada por Lennon pouco antes de ser assassinado em Nova York em 1980.

A entrada da IA na indústria da música apresenta muitos desafios financeiros e éticos. O procedimento é utilizado para recriar obras de músicos renomados. Com a tecnologia já foram criadas obras falsas de artistas como Eminem, Drake, The Weeknd ou Oasis.

Recentemente, o cantor britânico Sting afirmou que os artistas acabarão em uma “batalha para defender o capital humano contra a IA”.

“Não acredito que possamos permitir que as máquinas assumam o controle. Temos que ser cautelosos”, declarou o ex-vocalista do Police, de 71 anos. “Talvez funcione para a música eletrônica. Mas para as canções, que expressam emoções, não acredito que eu me emocionaria”, acrescentou.

Já Paul McCartney considerou o fenômeno “muito interessante”. "É algo que todos estamos assimilando no momento, tentando entender o que significa”, comentou.

O artista, compositor de canções como “Yesterday”, a música mais tocada nas rádios no século XX, mantém uma atividade intensa em sua carreira solo. No ano passado, pouco depois de completar 80 anos, ele foi o headliner mais velho da história do famoso festival inglês de Glastonbury.

No fim de junho, a National Portrait Gallery de Londres vai inaugurar uma exposição de 250 fotografias inéditas dos Beatles que “Sir Paul” fez entre os anos de 1963 e 1964.

AFP
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