A jornalista
Em junho do ano passado, Renata contou pela primeira vez que convivia com a condição após fazer parte de um podcast que trazia mais informações sobre doenças degenerativas. “Eu tenho Parkinson, mas o Parkinson não me tem”, declarou a jornalista na época.
Capucci descobriu a doença aos 45 anos após ter passar por uma emergência neurológica porque seu braço esquerdo subiu involuntariamente e ficou travado na posição. A situação aconteceu três dias depois da jornalista participar do programa de Ana Maria Braga, em 2018. "É um choque receber esse diagnóstico, principalmente, aos 45 anos”, contou Renata à apresentadora.
A jornalista se mantém positiva enquanto enfrenta as dificuldades provocadas pela doença e acredita que algum dia haverá cura para a enfermidade. “Eu sou otimista e prefiro acreditar que está sempre perto, e que a cada dia que passa está cada vez mais próximo desse momento aí [que a cura será descoberta] que todos nós esperamos”, disse.
Renata é uma grande defensora da conscientização sobre a doença de Parkinson. “Não falem mal de Parkinson, porque quem tem Parkinson não tem mal, tem uma doença. Então vamos escrever e nem falar mal de Parkinson”. Para ela, “quanto mais a gente fala mais a gente desmistifica”.
A doença de Parkinson carrega consigo vários mitos e preconceitos na sociedade. A própria Renata não sabia que era possível pessoas jovens serem acometidas com a enfermidade até o momento em que recebeu o seu diagnóstico. Por isso, visando trazer mais informações sobre o tema, a Itatiaia consultou o neurologista do Hospital MaterDei, Rafael Alves Silveira, para responder alguns pontos sobre a doença.
O que é a Doença de Parkinson (DP)?
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa, que ainda não possui cura e que compromete as capacidades motoras das pessoas que a possuem. "É a segunda condição neurodegenerativa mais prevalente no mundo, após a Doença de Alzheimer (DA), que apresenta uma distribuição universal e atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas”, explica o médico.
Quais são os principais sintomas?
Entre os sintomas motores os mais comuns são:
Tremores
Rigidez (resistência das grandes articulações, cotovelo, joelho e pescoço à movimentação)
Bradicinesia (lentidão ou diminuição na amplitude e velocidade dos movimentos dos membros)
Instabilidade Postural (Dificuldades de equilíbrio)
Entre os sintomas não motores:
Disfunção olfativa
Depressão
Apatia
Ansiedade
Insônia
Hipotensão ortostática
Disfunção gastrointestinal
Alteração cognitiva
Demência
A partir de quantos anos se pode desenvolver a Doença de Parkinson?
De acordo com o médico, o Parkinson é uma doença em que fatores genéticos e ambientais contribuem para o seu surgimento. “Cerca de 90% dos casos é esporádica (ao acaso) e sem vínculo genético evidente. Mas a idade e o envelhecimento são os principais fatores de risco, sendo que a incidência antes dos 50 anos é baixa ", explica o especialista.
Cerca de 1% das pessoas com mais de 65 anos possuem a doença, já entre as pessoas com mais de 80 anos a incidência é de 3%.
Ele também informa que a minoria dos pacientes (5% a 10%) têm a genética responsável pela doença. Os pacientes que recebem o diagnóstico antes dos 40 anos, ou seja precoce, tem mais chances de pertencer ao grupo de pessoas que manifestam o Parkinson devido à alterações genéticas.
O Parkinson é uma doença genética?
Não necessariamente, pode ter a ver com a predisposição genética, mas estes casos são a minoria - cerca de 5% a 10%. A grande maioria dos casos não possui vínculo genético evidente.
Existe cura para o Parkinson?
A doença ainda não possui cura e os tratamentos que existem na atualidade tratam apenas os sintomas. “Não existem evidências suficientes, até o momento, para considerar qualquer medicamento com ação preventiva ou neuroprotetora”, explica Rafael Silveira.
O médico ressalta que o exercícios aeróbicos e exercícios cognitivos são grandes aliados para retardar a progressão da Doença de Parkinson.
As pessoas conseguem viver normalmente com a doença?
A doença tem sintomas que variam muito de paciente para paciente. A idade de início, os tipos de sintomas não motores e as taxas de progressão interferem diretamente na forma que o paciente irá conduzir a sua vida cotidiana.
“Enquanto alguns pacientes têm um curso de doença relativamente benigno com resposta favorável ao tratamento medicamentoso, outros parecem progredir rapidamente”, informa o médico.
“Portanto, para conseguir uma funcionalidade adequada, mesmo com a progressão inevitável da doença, é necessário: apoio familiar, acompanhamento regular com médico especialista, adesão terapêutica pelo paciente, atividade física coordenada por um profissional capacitado e a psicoterapia quando necessária”, finaliza.
(Sob supervisão de Patrícia Marques)