Heloísa Périssé, de 56 anos, enfrentou 33 sessões de radioterapia, cinco de quimioterapia e uma cirurgia de nove horas enquanto lutava contra um câncer raro nas glândulas salivares. Em entrevista divulgada pelo ‘O Globo’ nesta quinta-feira (13), a atriz e escritora revelou que sempre que entrava na máquina de radioterapia agradecia por não ser uma de suas filhas ou marido naquela situação.
Apesar da fé, ela, que se intitula como “cristã”, admite que passava por situações de “revolta”, “indignação” e que já questionou a Deus pela doença. Em uma das situações, a atriz recorda que “sentiu uma mão segurar a sua”.
O período em que a atriz enfrentou a doença é chamado por ela de “pandemia particular”. Foi em 2019 que ela descobriu o tumor maligno. Ela se apresentaria em Portugal, mas a doença a fez mudar os planos.
Após o processo, ela transformou toda dor em uma peça que mistura humor e superação chamada “A iluminada”, escrita por ela com colaboração de Alex Lerner e com direção do marido, Mauro Farias. A peça, inclusive, estreia na próxima sexta-feira (14), no Teatro XP, no Jockey Club do Rio de Janeiro.
Foi em 2020, que a ideia surgiu. “Foi o momento de ir no c* para sofrer a transformação. Porque é ele quem rege o medo, né? Deu ruim, você fecha aquilo e não passa nem wi-fi (risos). Soltei o freio de mão e fui no fundo do poço”, conta ao O Globo.
Na peça, a atriz dá vida a Tia Doro, que possui uma mãe não convencional que lê as pessoas por meio da “curomancia” - ao invés de ler mãos, ela lê o ânus das pessoas. Motivo pelo qual a filha sofre bullying.
Devido à doença, a atriz perdeu movimentos da boca e, como consequência, ficou com o sorriso torto. “Eu tinha um sorriso aberto e bonito. Tenho saudade dele [...] Agora, tenho desejo de começar a me despedir da frente das câmeras, do palco e fazer o movimento de escrever as minhas histórias, dirigir, quem sabe?”.