Fera, bicho, anjo, mulher, mas, principalmente, dona de si. Cássia Eller nasceu há 60 anos, e morreu ainda jovem, com apenas 39 anos, no auge do sucesso popular, aclamada pela crítica e batendo recordes de vendagens com o “Acústico MTV”, de 2001.
Dona de um temperamento explosivo no palco, a cantora era o exato oposto fora dos palcos, com uma postura tímida e poucas palavras. Mas, quando cantava, Cássia era capaz de mover montanhas.
Nascida no Rio de Janeiro, ela morou em Brasília, Belo Horizonte e Santarém, no Pará, devido ao trabalho do pai, oficial do Exército. A carreira começou oficialmente em Brasília, quando ela participou de uma companhia de teatro dirigida por Oswaldo Montenegro.
Já no Rio de Janeiro, Cássia lançou o primeiro disco, em 1990. Ao contrário do que se costuma dizer, sua ascensão não foi meteórica. Fã de Cazuza, Cássia dizia que descobriu que podia “cantar gritando” ao ouvir o exagerado berrar o blues “Down em Mim” pelo rádio.
Em 1997, dirigida por Wally Salomão, Cássia dedicou todo um disco a Cazuza. E foi com “Malandragem” que ela conheceu o seu primeiro sucesso radiofônico.
A música havia sido composta por Cazuza e Frejat para Angela Ro Ro, em 1989, mas a polêmica cantora recusou a homenagem, por considerar a letra inadequada para alguém que, aos 40 anos, tinha que cantar “quem sabe eu ainda sou uma garotinha”. Cássia tomou a música para si e foi um arraso.
Outro encontro decisivo na carreira de Cássia Eller foi com o cantor Nando Reis. O músico produziu o disco “Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo”, lançado em 1999, e apresentou a cantora ao universo das baladas românticas, além de uma coleção de hits do porte de “Relicário”, “O Segundo Sol”, “As Coisas Tão Mais Lindas”, e muitas outras.
Cássia também emprestou sua voz de trovão para músicas de Marisa Monte, Carlinhos Brown, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Riachão, Arnaldo Antunes e tantos outros, consagrando-se como uma das mais expressivas cantoras da música brasileira, com trajetória meteórica e performances inesquecíveis no palco, que ela tomava como fera, anjo, bicho e mulher.