O reajuste de 17,78% no preço da passagem do metrô completa uma série de aumentos que pesa quase 200% no bolso dos usuários transportes. Até o começo de maio de 2019, o passageiro pagava R$ 1,80 pelo bilhete simples.
No entanto, com a justificativa de que o preço não era reajustado há 13 anos, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aprovou aumento escolado que elevou a passagem para os atuais R$ 4,50. Relembre as datas dos reajustes:
05/05/2019: R$ 2,40
07/07/2019: R$ 2,90
08/09/2019: R$ 3,40
03/11/2019: R$ 3,70
05/01/2020: R$ 4,00
07/03/2020: R$ 4,25
21/03/2021: R$ 4,25
O novo reajuste é o primeiro após a privatização do metrô de Belo Horizonte, concedido à iniciativa privada em março, com o grupo Comporte Participações S.A. vencendo o leilão da concessão. Somando os reajustes anunciados nos últimos quatro anos, o usuário vai pagar 194% a mais pelo serviço.
‘Nada justifica’
Quem usa o metrô diariamente não vê justificativa para o novo preço. É o caso Alisson Pereira. “É abusivo, porque outro dia mesmo que foi feita a concessão. Nada justifica esse aumento. Desde que o metrô foi inaugurado é a mesma linha. A gente não vê melhorias nesse tempo todo. Então, nada justifica. Há pouco tempo ela (passagem do metrô) equiparou ao preço do ônibus”, lembrou.
Para a professora Renata Oliveira, que usa o metrô todos os dias, a privatização ainda não mostrou benefícios para os usuários. “Essa privatização não funcionou. Acredito que a qualidade do serviço precisa melhorar muito. Os trens estão muito devagar e param entre as estações. Se comparar com o metrô de São Paulo e do Rio de Janeiro, vemos grandes diferenças”, afirmou.
A aposentada Graça Leal, que embarcou na estação Calafate, lembrou que o transporte público já ficou mais caro com o aumento das passagens dos ônibus. “Os ônibus já não dão condições das pessoas sobreviverem, agora o metrô também? Eles deveriam manter um preço mais justo para o trabalhador”, disse.
Concessão
O metrô foi concedido à iniciativa privada em março, com o grupo Comporte Participações S.A. vencendo o leilão da concessão. O grupo vai ser responsável pela gestão do metrô de Belo Horizonte pelos próximos 30 anos. O grupo apresentou a única oferta no leilão de R$ 25.755.111,00 milhões
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) informou que as intervenções da concessionária já se iniciaram em 2023, com reformas de estações, compra de novos trens equipados com ar condicionado, Wi-FI e diversas atualizações tecnológicas de sistemas.
“O projeto de revitalização das 19 estações da Linha 1 já está em andamento e as obras começarão em setembro. A primeira estação a receber intervenções será Lagoinha, além do Pátio de Manutenção São Gabriel. Além disso, 10 estações serão reformadas até 2025, são elas: Eldorado, Cidade Industrial, Vila Oeste, Gameleira, Calafate, Carlos Prates, Lagoinha, Central, Santa Efigênia e Vilarinho. Outras nove estações serão revitalizadas até 2026, são elas: Santa Tereza, Horto, Santa Inês, José Cândido, Minas Shopping, São Gabriel, Primeiro de Maio, Waldomiro Lobo e Floramar. Também em 2026 a nova estação da linha 1, Novo Eldorado, será implantada”, informou a Seinfra.
O projeto prevê que até 2029, as setes estações da nova linha que será construída até a região do Barreiro, a Linha 2, estejam em operação.
MetrôBH
Em nota, o MetrôBH destaca que, diversas melhorias serão realizadas na infraestrutura do metrô, como a modernização e expansão da linha 1 e a implantação da linha 2. O investimento previsto é de R$ 3,7 bilhões ao longo de toda concessão.
“As intervenções envolvem reformas de estações, compra de novos trens equipados com ar-condicionado, Wi-Fi e diversas atualizações tecnológicas de sistemas, como os de controle e segurança dos trens, o que trará mais conforto, acessibilidade, segurança e regularidade nas viagens”, destaca trecho da nota.
*Colaboração de Marcelo da Fonseca
