O investigador da Polícia Civil de Minas Gerais suspeito de vazar fotos da autópsia de Marília Mendonça já está em liberdade. O policial, de 48 anos
“As circunstâncias em que os delitos supostamente foram cometidos e as condições pessoais do flagrado não evidenciam, de forma concreta, a necessidade de submetê-lo, ao menos por ora, ao cárcere, medida cautelar mais severa. O investigado é primário e não possui registros criminais”, diz trecho da decisão. A magistrada não considerou a quantidade de droga ‘exorbitante’.
“Além do mais, é de se destacar que os documentos amealhados aos autos atestam que apesar de a quantidade de drogas ilícitas apreendidas não ser insignificante – uma bucha e um cigarro de maconha, dez pedras de crack e 45 pinos com cocaína -, também não é exorbitante, sendo certo que tal situação demonstra que, ainda que se trate de narcotráfico, não seria de grande proporção, ou seja, a potencialidade lesiva da conduta não pode ser considerada como das mais elevadas”, destaca.
Com a decisão, o policial deixou a Casa de Custódia da Polícia Civil na tarde dessa terça-feira (23).
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) e a Polícia Civil se manifestaram sobre a soltura. Confira:
SEJUSP:
Foi desligado da unidade prisional Casa de Custódia da Polícia Civil no dia 23.5.2023, mediante alvará de soltura concedido pela Justiça. Vale ressaltar que essa unidade prisional é de administração da Polícia Civil. Portanto, para mais informações, sugerimos que apure junto à Ascom PCMG.
Polícia Civil:
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que mais informações serão repassadas após a conclusão dos trabalhos investigativos.
25 anos
A Polícia Civil informou à Itatiaia que a investigação sobre o vazamento de fotos da cantora segue na corregedoria.
Além do policial, que tem 25 anos de carreira, uma funcionária do setor de toxicologia do Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte é investigada pelo vazamento das fotos de Marília Mendonça.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que a Corregedoria-Geral vem realizando todas as diligências cabíveis para identificar o usuário que deu causa ao vazamento ‘do laudo pericial’.
“A investigação encontra-se em seu curso regular, buscando a elucidação do caso para a devida responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos. A PCMG salienta que não coaduna com a prática de condutas ilícitas e buscará dar a resposta adequada à sociedade, no menor prazo possível”, diz o texto.
Documento
A Itatiaia teve acesso ao documento que ratificou a prisão do investigador. O texto destaca que a droga estava em uma pochete no porta-malas do carro. O policial alegou que a droga foi deixada no veículo por um desafeto, mas a versão não convenceu.
“A narrativa do conduzido, no sentido de atribuir responsabilidade a um servidor com o qual teria tido desavenças, parece inconsistente e requer diligências para confirmar sua veracidade. Por outro lado, a considerável quantidade de substância entorpecente encontrada, especialmente os 45 pinos de cocaína embalados com evidente intenção de venda, são elementos que pesam contra o conduzido e são indiscutíveis neste momento”, diz trecho do documento
“É relevante ressaltar que o próprio conduzido admitiu ter conhecimento de que a droga estava em seu veículo, pelo menos desde ontem, o que não parece condizente com a conduta esperada de um experiente policial com 25 anos de serviço”, conclui.
Caratinga
Considerada rainha da sofrência, Marília Mendonça morreu no dia 5 de novembro de 2021, após o avião que levava a sertaneja para um show na cidade da região do Vale do Rio Doce de Minas cair.
Horas depois do acidente, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou que Marília Mendonça estava entre as vítimas. Também morreram o produtor da cantora, Henrique Ribeiro, e seu tio Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e o co-piloto.
Cenipa
O avião de Marília Mendonça bateu em torres não sinalizadas, mas avaliação errada do piloto na hora do pouso pode ter contribuído para o acidente que matou cinco pessoas. Essas são as conclusões divulgadas, no dia 15 de maio, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Ao contrário do que disse o advogado da família de Marília Mendonça, Robson Cunha, o documento não descarta falha humana.
*Colaboração de Larissa Ricci, Enzo Menezes e Oswaldo Diniz