“Tenho que sair de casa 5h20 todos os dias. Acho isso um descaso com as milhas filhas. E quando estiver chovendo ou fazendo frio?” O desabafo é da faxineira Viviane Maria de Jesus, 32 anos, mãe de duas meninas, de 9 e 15 anos, que estão sem o transporte escolar em um trecho que liga o povoado de Santa Fé, zona rural, ao Centro de Crucilândia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, que fica a 105 km da capital.
De acordo com a faxineira, a prefeitura deixou de buscar as filhas depois que ela registrou uma reclamação no Ministério Público (MP), em 13 de março, sobre as condições da estrada.
Viviane diz que tinha alertado a prefeitura sobre a precariedade de manilhas que passam por um trecho da estrada e que nenhuma providência foi tomada. No dia 30 de março, a manilha não suportou o peso e o micro-ônibus escolar caiu no buraco. O acidente foi filmado por ela. Depois disso, o escolar não passou mais pelo trecho.
Viviane conta que o problema da estrada já foi solucionado, mas, mesmo assim, o escolar não busca mais as crianças. “A secretária de Educação falou comigo no dia 10 de abril que, como eu registrei que ela não buscava as meninas, ela ia aguardar a resposta do Ministério Público.”
Ação civil pública
O Ministério Público informou que ingressou com ação civil pública contra o município. Na nota, enviada à Itatiaia, o MP cita que outra estudante passa pelo mesmo problema.
“Informamos que tramitou nesta Promotoria de Justiça o procedimento nº MPMG-0081.23.000043-2, tendo como objeto “levantar indícios sobre suposta negativa do Município de Crucilândia em disponibilizar transporte escolar às três alunas, todas residentes na área rural, sob o argumento de que as estradas se encontrariam em estado precário. Após apurações e tentativa de resolução extrajudicial da demanda, foi proposta, na presente data, a ação civil pública”, diz trecho da nota.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Crucilândia afirma que não suspende qualquer linha e que realiza o transporte escolar das crianças das escolas municipais, “exceto quando há queda de pontes, crateras por excesso de chuvas, o que não é o caso em questão. O que houve na linha de transporte em questão foi uma mudança de ponto e não de rota. A alteração foi realizada para atender com equidade e igualdade todas as 32 crianças que utilizam a mesma linha de transporte escolar”.
O Executivo municipal informou ainda as estadas estão em boas condições de trânsito e não há nenhuma obra necessária no momento para ser realizada.
“Não houve acidente e sim o mesmo (ônibus) agarrou, normal em estradas que não têm pavimentação asfáltica nos interiores, pois as mesmas são ‘estradas de chão e dependem da manutenção da prefeitura para manter as estradas em boas condições de uso. O ônibus, inclusive, ficou agarrado em uma propriedade particular”.