Frio intenso e baixa umidade do ar, combinação que deixa todos em alerta desde que as temperaturas despencaram. Mesmo quem gosta de um friozinho, enfrenta algumas dificuldades no dia a dia.
Se esse tempo já exige da população em geral alguns cuidados, para as pessoas idosas as atenções devem ser redobradas. A Itatiaia conferiu de perto como 17 mulheres estão lidando com o frio.
Elas estão acolhidas no Lar Recanto Feliz São Francisco de Assis, no bairro Betânia, região oeste de Belo Horizonte. A casa é uma instituição de longa permanência para idosos, que funciona em parceria com a prefeitura.
Logo no pátio da casa, perto de um belo jardim, está Maria José Leônidas de Abreu, mais conhecida como dona Zezé, de 90 anos. Ela conta o que tem feito todas as manhãs para aguentar o frio intenso na capital.
“Tem correr atrás do sol para poder refrescar a idade da gente”, brinca.
Ainda no jardim, a Marilene de Abreu, de 78 anos, diz que o segredo para enfrentar o frio é comer um pouco mais, fazer uma boa caminhada matinal, tomar um banho quentinho e se agasalhar bem.
“Ah, eu gosto de comer, ajuda. Tomar um café, e depois tomar meu banho para me arrumar”, explica.
Em outro canto da casa, bem mais agasalhada, a Maria do Carmo Pecurari, de 92 anos, fala que já conta os dias para acabar o outono e depois o inverno.
“As pessoas ficam muito quietas, se refugiam em um canto e ficam tremendo de frio, eu não gosto disso não. No frio tudo é difícil, até tomar um banho, mas não pode fugir dele”, avisa.
Cuidados especiais
A coordenadora do recanto feliz, Lúcia Helena de Paula, conta que muitas das mulheres acolhidas pela casa têm comorbidades e as preocupações aumentam bastante nesse período.
“A gente tem muito idoso fragilizado, com risco muito eminente de uma pneumonia, idoso que está acamado. A casa é uma casa grande, ventilada, e no inverno ela fica mais fria. Várias vezes os idosos não gostam muito de ficar cobertos ou com agasalho, ainda tem as doenças respiratórias, todo mundo aglomerado no mesmo lugar. Então é uma preocupação sim, é um idoso frágil que muita das vezes é melhor ele estar dentro da instituição do que ele ir para um pronto atendimento”, afirma.
Lúcia completou falando sobre a necessidade de cuidados com a hidratação corporal durante esse período.
“A pele do idoso pode ressecar e ficar como um papel, então ela tende a “rasgar”. O acúmulo do agasalho e fraldas também pode causar dermatites, e o banho muito quente acaba queimando a pele”, ressalta.
Segundo a gerente de gestão dos serviços de alta complexidade da prefeitura, Sandra Regina Ferreira, as instituições de longa permanência para idosos de Belo Horizonte já estão bem equipadas para o frio, mas as doações são sempre bem-vindas.
“Nossas unidades já tem atenção durante o ano. Na época do frio, à medida que tem demanda, nós fazemos a disponibilização de cobertores, mas esse ano as unidades estavam bem organizadas e não foi necessário repor. É um ajuntamento de forças, as unidades podem fazer aquisição no caso de necessidade. Como são instituições filantrópicas, elas têm muita mobilização das sociedade civil, recebem doação e fazem campanhas”, completa.
Nesse momento, o Lar Recanto Feliz precisa de materiais de limpeza, principalmente álcool e lenços umedecidos. Quem puder ajudar, as doações podem ser entregues na rua Bonança, número 128, no bairro Betânia.