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Volume de exportações do agro cresce, mas registra queda US$ 0,8 bilhões na receita; entenda por quê

Números de recente balanço apontam acréscimo de 12,5% no volume, mas retração de 7,6% na receita em comparação com o mesmo período do ano passado

Recuo é explicado pela diminuição do preço médio pago pelas commodities

As exportações do agronegócio mineiro alcançaram US$ 9,49 bilhões e 10 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro e agosto deste ano. Os números representam um acréscimo de 12,5% no volume e uma retração de 7,6% na receita - cerca de 0,8 bilhões - em comparação com o mesmo período de 2022, que arrecadou US$ 12,9 bilhões até outubro.

O secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez, explicou que o ano passado foi atípico em termos de receita no volume de exportações - US$ 15,3 bilhões no total - em função da Guerra da Ucrânia e uma maior demanda mundial por alimentos. “Também houve uma super valorização das commodities, o que impacta na receita final. A redução esse ano não é tão significativa. Em 2021, registramos uma receita de US$ 9,1 bilhões de janeiro a agosto, menor que a desse ano para o período, que foi (como dito acima) de US$ 9,49 bilhões. Temos a melhor arrecadação da série histórica dos últimos 15 anos, se desconsiderarmos o cenário atípico do ano passado”

A explicação para a queda na receita desse ano também passa pela redução de 17% no preço médio das commodities no mercado internacional. “O recuo no valor pode ser explicado, de forma global, pela diminuição do preço médio pago pelas commodities, bem como, de forma pontual, pelo arrefecimento das compras dos nossos maiores parceiros comerciais, a China, a Alemanha e a Itália”, explica a assessora técnica da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Manoela Teixeira.

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Os Principais Destinos

Nos primeiros oito meses de 2023, o agro foi responsável por 36,1% das vendas de Minas Gerais no exterior. Os principais destinos da produção agropecuária mineira foram China (US$ 3,3 bilhões), Estados Unidos (US$ 750 milhões), Alemanha (US$ 554 milhões), Japão (US$ 382 milhões) e Itália (US$ 378 milhões). No total, 171 países receberam produtos do estado. Em comparação com os principais destinos no ano passado, a novidade é a entrada do Japão no ranking dos cinco primeiros colocados, desbancando a Bélgica.

Os itens mais exportados do catálogo em Minas, no intervalo, foram café (36%), complexo soja (31%), complexo sucroalcooleiro (11%), carnes (9%) e produtos florestais (8%). O levantamento é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Café

O café, carro-chefe das exportações do agronegócio mineiro, registrou vendas no valor de US$ 3,40 bilhões, com o embarque de 15 milhões de sacas no acumulado dos oito primeiros meses de 2023.

O produto, que vem sofrendo recuos de preços ao longo do ano, apresentou recuperação em agosto, com alta de 22% em comparação ao oitavo mês do ano passado, enquanto o volume cresceu 31% no período. Os registros correspondem a US$ 463 milhões e 2,17 milhões de sacas. A boa notícia reforça a perspectiva de restabelecimento no segundo semestre deste ano.

Complexos soja e sucroalcooleiro

O complexo soja segue na segunda colocação do ranking de produtos mais exportados do agro em Minas, seguido pelo complexo sucroalcooleiro. O faturamento das vendas externas da soja em grãos, farelo e óleo somou US$ 2,9 bilhões. Os grãos representam os itens mais comercializados no segmento.

Já o complexo sucroalcooleiro apresentou receita de US$ 1 bilhão, com expressivo aumento de 39% em comparação ao período de janeiro a agosto de 2022. O açúcar é o campeão do segmento, com US$ 992 milhões e acréscimo de 43%. O desempenho do álcool também foi positivo, de US$ 86 milhões, 5% superior ao intervalo semelhante do ano passado.

Carnes

O cenário das carnes permanece arrefecido, com US$ 870 milhões e 264 mil toneladas, números que correspondem às baixas de 25% no valor e 6,5% no volume exportado, no comparativo com janeiro a agosto de 2022.

As carnes bovinas lideram o comércio exterior no período, registrando US$ 601 milhões e 129 mil toneladas, seguidas pelas suínas, com US$ 31 milhões e 14 mil toneladas. A carne suína teve o melhor desempenho no intervalo, com avanço de 43%, e a novidade de o Uruguai ter ultrapassado Hong Kong como o maior parceiro comercial na compra do produto.

Produtos florestais

As vendas externas dos produtos florestais mineiros continuam aquecidas, tendo contabilizado US$ 749 milhões e 1,14 milhão de toneladas de janeiro a agosto. A celulose é novamente o item mais embarcado do segmento, especialmente para a China, que adquiriu 46% das remessas.

(*) Com informações da Agência Minas

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.