A indústria brasileira encerra o ano com sinal de reação na intenção de investir, de acordo com a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nessa terça-feira (16).
O índice de intenção de investimento subiu 0,7 ponto em dezembro, passando de 55,2 para 55,9 pontos, na terceira alta consecutiva do indicador. Apesar do avanço, o patamar permanece inferior ao registrado em dezembro de 2024, quando o índice marcou 58,9 pontos.
O resultado ocorre em um contexto de desaceleração da atividade industrial. Em novembro, o índice de evolução da produção recuou 7,1 pontos, atingindo 44,4 pontos. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) também apresentou queda, de 1 ponto percentual, ao estacionar em 70%. Trata-se do menor nível para o mês desde 2019.
O mercado de trabalho industrial seguiu a mesma tendência. O índice de evolução do número de empregados caiu 1,2 ponto, para 47,6 pontos, indicando redução do contingente de trabalhadores entre outubro e novembro. Embora a perda de ritmo seja comum neste período do ano, a sondagem mostra que, em 2025, a desaceleração foi mais intensa do que o padrão sazonal.
Segundo a CNI, o ambiente macroeconômico contribui para esse movimento. “Alguns elementos ajudam a explicar esse processo de desaceleração da indústria: o principal deles é o patamar elevado das taxas de juros e seus desdobramentos, que acabam puxando o freio da economia e prejudicando a demanda por bens industriais por meio do encarecimento do crédito e das perspectivas de um ritmo mais fraco para a atividade econômica”, afirma Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da entidade.
Outro indicador que reforça a leitura de enfraquecimento da demanda é o de estoque efetivo em relação ao usual, que subiu para 50,7 pontos em novembro. Ao superar a linha de 50 pontos, o índice aponta que os estoques estão acima do nível planejado pelas empresas.
Expectativas seguem moderadas
As expectativas dos empresários para os próximos seis meses recuaram. O índice de expectativa de demanda caiu 1,1 ponto, passando de 51,3 para 50,2 pontos, nível próximo da linha divisória que indica estabilidade. O resultado é o mais baixo desde junho de 2020.
No emprego, o índice de expectativa recuou 0,1 ponto, para 49 pontos, permanecendo abaixo de 50 pelo quinto mês consecutivo, o que sinaliza percepção de redução do número de trabalhadores no curto prazo.
A expectativa de compra de insumos e matérias-primas também diminuiu. O indicador caiu 0,8 ponto, para 49,2 pontos, passando a indicar perspectiva de queda nas aquisições. Em contrapartida, o índice de expectativa de quantidade exportada registrou leve alta de 0,4 ponto, alcançando 48,4 pontos, ainda abaixo da linha de 50 e associado à projeção de retração das exportações.
Para Larissa Nocko, a combinação dos resultados aponta para um cenário de cautela. “Isso mostra que o cenário não tem mudado drasticamente e que há não elementos para acreditar que o quadro deve melhorar significativamente nos próximos meses”, avalia.